O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reuniu-se recentemente para discutir a taxa básica de juros (Selic), mantendo-a em 10,5%, como foi aprovado “unanimemente” de acordo com o comunicado do comitê. O Copom justificou a política de manutenção da taxa afirmando que se deve ao “ambiente externo adverso, em função da incerteza sobre os impactos e a extensão da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos” e ao “cenário doméstico apresentando dinamismo maior do que o esperado”, destacando os “indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho”. “As expectativas de inflação” para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,1% e 4,0%, respectivamente”, conclui.
A inflação oficial (medida pelo IPCA, do IBGE) encontra-se em 4,23% no acumulado desde o segundo trimestre de 2023, colocando o juro real brasileiro (juro menos a inflação) em 6,27%, o segundo mais alto entre as 20 nações mais desenvolvidas do mundo (o G20), atrás apenas da Rússia (9,14% de juro real), país que desde fevereiro de 2022, encontra-se em guerra contra a OTAN na Ucrânia.
A taxa básica de juros e a inflação estão diretamente ligadas e influenciam a economia de maneira significativa. Em uma situação ideal, a taxa básica de juros deve igualar-se à inflação, de modo que o poder de compra da moeda se mantenha.
Para evitar essa perda, o governo mantém a taxa básica em paridade com a inflação, fazendo com que os poupadores tenham seu capital remunerado conforme a variação de preço. Isso quer dizer que o dinheiro de um indivíduo hoje terá o mesmo valor real no futuro, após ajustes pela inflação, incentivando um equilíbrio entre gastar e poupar.
Se a taxa básica de juros for menor que a inflação e o dinheiro, consequentemente, perde valor, isso desestimula a poupança, pois o retorno é menor que a perda do poder de compra, e incentiva o consumo e o investimento excessivo. Já se a taxa básica de juros for maior que a inflação, os empréstimos ficam mais caros e, com isso, provoca-se uma pressão contra o consumo e o investimento.
Esse último fenômeno é exatamente o que o BC tem se dedicado a produzir no País, o que fica evidente pelo descompasso absurdo entre a Selic e a inflação. Com a estagnação econômica, o desemprego já em patamares elevados não tem alteração significativa para as famílias operárias, mantendo-as sob pressão e sem nenhuma perspectiva de melhora.
Naturalmente, com tanta oferta de trabalhadores desocupados disponível e um quadro de atividade econômica quase paralisada, os salários também tendem a acompanhar a lei de oferta e demanda, empobrecendo ainda mais a já paupérrima classe trabalhadora brasileira.
Manter a taxa básica de juros igual à inflação é crucial para preservar o equilíbrio econômico, promovendo um ambiente estável para crescimento e consumo sem desvalorizar o dinheiro ou frear o desenvolvimento, porém a política do BC vai no sentido oposto porque não é a economia real que move a instituição dominada por golpistas, mas dois interesses principais.
Outro fenômeno impulsionador da política de asfixia econômica é o interesse direto dos bancos e grandes especuladores do chamado “mercado financeiro”, um segmento de parasitas que se alimentam da sangria dos recursos do País pela via da dívida pública.
A política de asfixia contra a economia nacional deve ser enfrentada pelo governo, que precisa intervir no BC e acabar com a farra do boi, que beneficia os interesses políticos e econômicos dos piores inimigos do povo brasileiro. Além disso, as organizações da esquerda nacional devem impulsionar uma campanha contra a “independência” do BC, para que o órgão seja subordinado aos interesses dos trabalhadores.