Nesta quarta-feira (18), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou, em decisão unânime, a taxa de juros de 14,75% para 15% ao ano. Com este aumento, o terceiro seguido, o Brasil passa a ocupar o segundo lugar na lista de países com a maior taxa de juros de todo o mundo.

No comunicado do Copom que anunciou o aumento, o comitê afirma que no próximo encontro, em julho, pode interromper o ciclo de alta da Selic. No entanto, desde que Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula (PT) e por Fernando Haddad, ministro da Economia, tomou posse como presidente do Banco Central, a taxa de juros só aumentou. Acumulando, em 2025, um aumento de impressionantes 2,5%.

“Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz o comunicado.

Além disso, a decisão do Copom de Galípolo coloca os juros no maior nível desde julho de 2006, quando estava em 15,25%. Desde setembro, ainda durante o mandato de Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Selic já foi elevada em 4,5 pontos percentuais: uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto, três de 1 ponto percentual e uma de 0,5 ponto.

Líder do governo na Câmara critica decisão do BC

Em resposta ao anúncio do Copom, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do governo na Câmara dos Deputados, afirmou que a taxa de juros está “indecente” e afirmou que o aumento não pode ser tratado como algo “normal”.

“Não dá pra aceitar como normal o novo aumento da Selic pelo Banco Central. A taxa de 15% é indecente, proibitiva e desestimula investimentos produtivos. É a transformação do Brasil no paraíso dos rentistas: quem vive de juros ganha, quem trabalha perde”, disse por meio de publicação em sua conta oficial no X.

Na mesma mensagem, o deputado criticou a política de ajuste fiscal, denunciando como o pagamento dos juros da dívida pública tiram boa parte do orçamento federal:

“Falam muito de ajuste fiscal e da dívida pública. Mas o crescimento da dívida não vem dos programas sociais com saúde ou educação — vem do pagamento de juros. Em 2024, o déficit nominal foi de R$ 988 bilhões. Sabe quanto foi de gasto primário (políticas públicas de saúde, educação, previdência etc.)? R$ 18 bilhões. Os outros R$ 970 bilhões foram para juros da dívida”, continuou.

“O Banco Central não pode ignorar o impacto fiscal de sua política monetária. Se dizem que a dívida preocupa tanto, por que a política de juros não considera o custo que ela própria impõe às contas públicas?”

O também deputado federal Rogério Correia (PT-MG), presidente da Comissão de Finanças e Tributação, também criticou a decisão do Banco Central:

“O povo quer crescimento, não um país ajoelhado diante dos bancos. Cada ponto percentual da Selic custa R$ 38 bilhões aos cofres públicos. Esse dinheiro vai direto para os bancos, para o sistema financeiro e para os juros da dívida. É dinheiro que some da saúde, da educação e da infraestrutura para alimentar bancos e rentistas”, afirmou.

A posição dos deputados petistas se destaca por ser diferente da política que tem sido adotada pelo PT desde o começo do mandato de Gabriel Galípolo. Ao invés de denunciar a atuação do economista no Banco Central, o governo tem colocado a culpa do aumento dos juros na política de Campos Neto, mesmo que a política do indicado por Lula seja idêntica — senão pior! — àquela adotada durante toda a gestão do indicado por Bolsonaro.

Membros do próprio governo também criticaram o aumento da Selic. Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, disse ser “difícil de entender a decisão do Banco Central de aumentar a taxa de juros”. Uallace Moreira, secretario de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços, por sua vez, disse que a alta é uma “insanidade total”.

Até o fechamento desta edição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não havia comentado a decisão do Banco Central.

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Last Update: 18/06/2025