“Criamos um monstro”: como o PL enterrou o sonho político de Michelle

Michelle Bolsonaro

Ninguém poderia estar mais feliz do que Michelle Bolsonaro após a prisão do marido. Ela apareceu sorridente em diversos registros — o que, inclusive, nos rendeu os melhores memes.

Em meio à derrocada gradual de Bolsonaro, a ex-primeira-dama deu fortes sinais de sua intenção em ser a herdeira política do marido e o próprio PL assumiu que seu plano de poder vinha dando certo.

A questão não era só participar de eventos e viagens políticas, mas tentar bater de frente com o partido, acreditando-se importante: chegou a repreender publicamente um deputado por supostamente desenhar uma aliança com Ciro Gomes, aliança esta aprovada pela maioria do partido e pelo próprio Bolsonaro.

À Folha de S. Paulo, um integrante do PL chegou a dizer que o partido “criou um monstro”, referindo-se à ex primeira dama.

Quer dizer: a “ajudadora” preparou o bote pacientemente até que sua popularidade lhe desse espaço para tomar decisões no partido, tendo inclusive agido em desacordo com ele em vários momentos, e de nada adiantou: foi chutada tão rápido que nem viu a hora.

No último dia 9, aliás, ela se afastou da presidência do partido por “questões de saúde”, um dia após a indicação de Flávio Bolsonaro pra substituir o pai.

Então tá bom, minha querida.

Michelle e Flávio Bolsonaro, candidato escolhido por Jair para disputar a Presidência

A verdade é que até o PL acreditou que Michelle seria um bom nome para herdeira de Bolsonaro, já que a ex primeira dama se tornava casa vez mais popular, sempre comendo pelas beiradas, mas reagiu rápido quando ela colocou as garras pra fora.

Cortada e silenciada, a ajudadora se recolhe à sua insignificância e de nada pode reclamar, já que prega a submissão feminina – um discurso claramente vazio e fabricado.

Aliás, nada disso importou: o próprio Bolsonaro, mesmo preso, retomou o controle e deu um recado à esposa: nada do que ela falasse, pensasse ou decidisse seria considerado.

Para os chefões da direita, e para o próprio Bolsonaro, ficou claro o projeto de poder de Michelle, que chegou a ser acusada internamente de “não pensar no coletivo”.

É isso que acontece quando uma mulher que serviu como “ajudadora” de homens conservadores e seus interesses põe as asas de fora: ela é descartada.

Michelle tentou se dar bem, mas esqueceu que, no bolsonarismo, é cobra engolindo cobra, e é fácil descartar uma “ajudadora”, mesmo que uma ajudadora popular entre o eleitorado.

No fim das contas, Michelle descobriu da pior forma que, no bolsonarismo, mulher só serve enquanto ornamento religioso ou cabo eleitoral emocionado — nunca como protagonista. Achou que ia subir no trono, mas mal percebeu que o castelo sempre foi dos outros e que, pra ela, sobraria no máximo o banquinho do canto.

E assim se encerra a saga da “princesa herdeira” que nunca foi: muita pose, pouca política e um destino selado pelos mesmos homens a quem jurou obediência. Uma fábula moderna sobre como o patriarcado sempre cobra a conta — com juros, correção monetária e humilhação pública.

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