Crescimento de “intervalos bíblicos” levanta debate sobre liberdade religiosa em escolas; entenda

Alunos participam de encontro religioso em colégio em Goiás – Foto: Reprodução

A prática conhecida como “intervalo bíblico” vem se espalhando por escolas públicas e privadas no Brasil, impulsionada por estudantes evangélicos que organizam momentos de oração e louvor durante o recreio. Vídeos desses encontros viralizaram nas redes sociais, o que ampliou a visibilidade do movimento. Em muitos casos, os próprios alunos tomam a iniciativa, com autorização da escola, para ler a Bíblia e cantar músicas religiosas.

No entanto, o aumento da presença de pastores e influenciadores religiosos nesses eventos tem gerado questionamentos. Especialistas alertam que a realização de cultos em escolas públicas pode desrespeitar a laicidade do Estado. A entrada de líderes religiosos sem vínculo com o currículo escolar pode ferir o artigo 19 da Constituição, que impede que órgãos públicos favoreçam qualquer religião.

Casos relatados em Pernambuco mostraram que pastores chegaram a pregar em encontros com autorização da escola. Também foram registradas situações de alunos utilizando equipamentos de som da instituição sem permissão, além de tentativas de conversão de colegas. O Ministério Público de Pernambuco foi acionado e abriu audiências para debater os limites dessas práticas dentro do ambiente escolar.

Influenciadores como Guilherme Batista e Lucas Teodoro afirmam realizar encontros em escolas públicas para tratar de temas como depressão e respeito aos professores.

Eles dizem não evangelizar, mas postam nas redes sociais imagens de alunos ajoelhados, chorando e “entregando suas vidas a Jesus”. Em alguns casos, não há aviso prévio aos alunos sobre o conteúdo da palestra, o que também gerou críticas de pais e especialistas.

 

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Para estudiosos da área, como o professor Eulálio Figueira, da PUC-SP, encontros espontâneos entre alunos não são um problema, mas a presença recorrente de figuras religiosas externas precisa ser avaliada com cautela.

A Constituição garante liberdade religiosa, mas também impõe limites. Advogados lembram que qualquer atividade religiosa em escola pública deve ser facultativa, sem proselitismo, e inserida na grade de ensino religioso, se for o caso.

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