Reforma do consignado privado pode destravar acesso ao crédito

No Brasil, o crédito sempre foi uma ferramenta de avanço e, ao mesmo tempo, uma armadilha para milhões de pessoas.

Marcado por juros altos, acesso restrito e pouca personalização, o mercado de crédito brasileiro começa a passar por uma transformação com a nova regulamentação do consignado privado, anunciada recentemente pelo governo.

A mudança permite que trabalhadores do setor privado contratem empréstimos com desconto direto em folha de pagamento, utilizando o saldo do FGTS como garantia adicional.

Essa estrutura reduz riscos para quem concede o crédito e, ao mesmo tempo, oferece melhores taxas para quem toma o empréstimo.

Segundo Rogerio Melfi, CPO do PilotIn e especialista em crédito, pagamentos e Open Finance, “estamos falando de uma estrutura mais previsível, onde todos ganham”.

Risco menor, juros mais baixos

Para o tomador, a principal vantagem está na taxa de juros reduzida.

Para as instituições, o risco de inadimplência diminui com o uso do FGTS como garantia complementar.

O modelo é consolidado no setor público, mas ainda pouco adotado no setor privado.

Dados da plataforma meutudo indicam que apenas 12% dos trabalhadores da iniciativa privada utilizam o consignado atualmente.

Ou seja, há espaço para expansão, desde que a experiência de contratação seja mais fluida e conectada à realidade de cada cliente.

Open Finance pode ampliar alcance e eficiência

Nesse contexto, o Open Finance surge como peça-chave para transformar o acesso ao crédito consignado.

Com o consentimento do cliente, instituições financeiras podem acessar informações mais amplas do seu histórico financeiro.

Isso permite analisar além do score de crédito ou da renda declarada.

É possível entender padrões de consumo, compromissos anteriores e capacidade real de pagamento.

Segundo Melfi, “essa visão contínua e contextualizada muda tudo. Não se trata apenas de oferecer crédito com base em garantias, mas de construir soluções personalizadas e responsáveis”.

Nova cultura de crédito baseada em dados reais

A proposta do Open Finance rompe com a lógica tradicional do crédito no Brasil, baseada na escassez de informação e nos altos spreads.

Com mais dados, as decisões de crédito passam a ser mais empáticas, eficientes e realistas.

Além disso, a tecnologia permite simular impactos futuros de uma nova operação no orçamento do tomador, promovendo sustentabilidade financeira.

Para que isso funcione, no entanto, é preciso garantir transparência, segurança e linguagem acessível.

O desafio não é apenas tecnológico, mas também cultural: é preciso construir confiança e autonomia para o trabalhador entender os benefícios e assumir o controle de sua vida financeira.

Crédito como serviço e não como armadilha

A reforma do consignado privado é um passo na direção de um crédito mais justo.

Mas o avanço não depende apenas de regulação.

Depende também da disposição de empresas e instituições em inovar com propósito, construindo produtos que respeitem o perfil e a jornada de cada cliente.

“O Brasil já provou que pode liderar inovações com impacto. O Pix é a maior prova disso. Agora, temos a chance de reinventar o crédito com base em inteligência e inclusão”, conclui Melfi.

Transformar o crédito é possível — e necessário

Com o apoio do Open Finance, o consignado privado pode deixar de ser um produto de nicho e se tornar uma ferramenta de acesso real ao crédito para milhões de brasileiros.

A oportunidade está posta: transformar o crédito em um serviço inteligente, justo e sustentável.

Basta querer construir esse futuro — com dados, tecnologia e compromisso com quem mais precisa.

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Last Update: 12/05/2025