
A CPI do INSS iniciou a análise do material obtido com a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático de Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master e apontado como figura central nas investigações de um esquema de fraude estimado em R$ 12,2 bilhões envolvendo a venda de créditos ao Banco de Brasília (BRB). A chegada dos dados marca uma nova fase dos trabalhos da comissão e pode ampliar o alcance das apurações no Congresso Nacional.
Na semana passada, os parlamentares aprovaram a quebra dos sigilos de Vorcaro, decisão que colocou o executivo no centro da investigação. O relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou à época que o banqueiro precisará esclarecer operações do Banco Master relacionadas à oferta de crédito consignado a aposentados e pensionistas do INSS, foco principal da comissão.
Segundo Malu Gaspar, do Globo, parte do material já começou a ser examinada por integrantes da CPI, incluindo mensagens trocadas por Vorcaro no aplicativo WhatsApp.
Os dados chegaram ao Congresso na última terça-feira (9) e estão sob sigilo, com acesso restrito aos membros da comissão. A expectativa é de que o conteúdo revele detalhes das articulações financeiras e institucionais envolvendo o banco e seus principais executivos.
O envio das mensagens decorre de um requerimento apresentado pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF), aprovado pela CPI, que determinou a quebra do sigilo telemático de Vorcaro entre 1º de janeiro de 2016 e 28 de novembro de 2025.
O período abrange mais de nove anos de comunicações e pode expor relações comerciais, políticas e jurídicas estabelecidas ao longo desse intervalo.

No pedido, Damares argumentou que o Banco Master mantém acordo de cooperação técnica com o INSS para a oferta de crédito consignado e que a instituição “figura, de forma reiterada nos últimos anos, entre as entidades com maior número de reclamações” em plataforma oficial do governo voltada ao atendimento ao consumidor.
As queixas, segundo a senadora, concentram-se em empréstimos consignados, cartão de crédito consignado e reserva de margem consignável (RMC), “evidenciando um padrão de problemas que afeta diretamente consumidores e beneficiários do INSS”.
A senadora também justificou a necessidade da medida com base no escopo da comissão. “Esta CPMI tem a atribuição de investigar possíveis fraudes em empréstimos consignados ofertados a aposentados e pensionistas do INSS, identificando falhas de controle, eventuais responsáveis, pessoas físicas ou jurídicas e a destinação dos recursos oriundos dessas operações, bem como apurando a existência de crimes como lavagem de dinheiro, organização criminosa, corrupção ativa e passiva, concussão, entre outros”, escreveu.