Por Mateus Silva
A Cozinha Cidona, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), está em funcionamento desde o dia 1º de julho, na Associação dos Catadores de Papelão e Material Reaproveitável (Asmare), em Belo Horizonte, para fornecer alimentação saudável aos catadores e suas famílias.
Atualmente, a cozinha solidária produz cerca de 100 pratos por dia, duas vezes na semana, mas a meta é aumentar para 200 refeições ao dia, nos 5 cinco dias úteis. Para isso, a iniciativa pede contribuições da sociedade.
Uma das cozinheiras, Rosana da Silva Souza, integrante do acampamento Pátria Livre, do MST, destaca a importância do projeto, que, segundo ela, é capaz de transformar vidas.
“Muita satisfação ver as pessoas te agradecendo. Estamos fazendo tudo com amor, com carinho. A cada dia a gente vê que tá só melhorando com a colaboração de todos”, diz.
Ela fala por experiência própria, já que trabalhou, durante 18 anos, como catadora no aterro sanitário de Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), cidade onde criou seus filhos e adquiriu diversos conhecimentos em reciclagem.
“É um serviço digno, e hoje, como ex-catadora, eu tô cozinhando para as pessoas que estão fazendo o que eu já fiz. Com isso [a profissão] eu cuidei da minha família”, relembra, em agradecimento ao papel fundamental que os catadores ocupam na sociedade.
A cozinheira Tereza Moreira da Silva, também integrante do acampamento Pátria Livre, do MST, avalia que o projeto faz um trabalho importante no combate à fome.
“Muitos não têm o que comer em casa e também moram longe. Tendo a cozinha aqui é mais fácil, né? Ele já não precisa nem sair daqui do serviço”, acrescenta.
Também com histórico de catadora, com atuação no município de Mário Campos, na RMBH, ela narra com gratidão o trabalho que vem realizando, ciente de todas as dificuldades enfrentadas pelos catadores.
“Há uns dois anos fazendo serviço de reciclagem, hoje eu me encontro cozinhando com os companheiros. Eu sei que a luta é difícil, muito difícil. É um trabalho muito pesado. Como eu já passei por isso, eu sinto na pele o que eles sentem”, conta.
Ajude a cozinha solidária
As contribuições para a Cozinha Cidona podem ser feitas por meio do PIX, na chave CNPJ 16.871.907/0001-66 ou com doação de insumos, como carnes, óleo, sal e material de limpeza.
Os itens podem ser entregues de segunda a sexta-feira, 9h às 17h, no Galpão da Asmare, localizado na Av. do Contorno, 10555, ou no Armazém do Campo, de segunda a sexta-feira, de 9h às 18h, e sábados de 8h às 12h, na Av. Augusto de Lima, 2136.
Confira as sugestões de doação via pix:
R$15 – 2 refeições
R$30 – 4 refeições
R$60 – 8 refeições
R$90 – 12 refeições
R$150 – 20 refeições
R$ 450 – 60 refeições
R$ 900 – 120 refeições
R$ 1.500 – Adote a cozinha por um dia! 200 refeições
R$ 7.500 – Adote a cozinha por uma semana! 1 mil refeições.
Quem foi Cidona, que dá nome à cozinha solidária?
Maria Aparecida Alves, a Cidona do MST, do Vale do Jequitinhonha, foi uma uma agricultora do assentamento Franco Duarte, no norte de Minas, da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e da Cáritas Diocesana de Almenara.
Ela faleceu em 27 de junho de 2014, e, “acreditou na mística militante, na alegria popular, na luta e coragem da classe trabalhadora e na força da mulher até o fim”, afirma o MST. Nasceu na Bahia e se despediu da maneira que mais gostava: ajudando e festejando. “Pátria Livre! Venceremos!” era seu grito preferido.
“Quem conheceu e conviveu com Cidona sentiu a sensibilidade, a força, a inteligência e a coragem de uma grande mulher, de uma grande figura humana, em todos os sentidos. Ela era imensa e ficava ainda maior quando falava, gesticulando. Parecia que o coração dela ainda era maior que ela, querendo pular pra fora do seu corpo, se espalhar pelo Vale, pelo Brasil, pelo mundo”, declarou o MST em nota.
*Edição: Luana Costa