Em entrevista à EBC, ministro da Casa Civil defendeu caráter de justiça tributária da proposta do governo, além de detalhar a ampliação do Auxílio Gás e investimentos do Novo PAC
O projeto que isenta do Imposto de Renda trabalhadores e trabalhadoras que recebem até R$ 5 mil mensais foi destaque na entrevista com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, ao programa da EBC Bom Dia, Ministro nesta quarta-feira (27). Costa defendeu que a medida busca corrigir uma distorção histórica no país.
“Não é justo que alguém que ganha R$ 4 mil já pague imposto e alguém que recebe R$ 2 milhões por ano consiga legalmente não pagar nada. Isso não acontece em nenhum país civilizado.”
“E o inverso deve ser verdadeiro: se você alivia uma pessoa que ganha R$ 3 mil, R$ 4 mil, do IR, essa diferença vai para o carrinho do supermercado ou para a feira livre onde ele vai comprar comida”, pontuou.
Segundo o ministro, a proposta prevê também redução parcial para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil e compensações sobre altas rendas acima de R$ 1 milhão anuais. A expectativa é que 20 milhões de brasileiros sejam beneficiados, já em 2026.
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Gás do Povo
Na conversa, o ministro confirmou o lançamento do programa Gás do Povo, que substituirá o atual Auxílio Gás.
A medida vai garantir botijão de 13kg gratuito a 15 milhões de famílias, número três vezes superior ao atual.
“Hoje o valor do subsídio é menor do que o preço real do botijão. Vamos entregar diretamente o gás, assegurando dignidade e evitando acidentes domésticos que vitimam crianças e mulheres.”
O governo também aposta na eficiência energética, com isenção de conta de luz para famílias de baixa renda que consomem até 80kWh por mês.
Investimentos em habitação popular
Rui Costa destacou os avanços do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) do governo Lula, que já contratou 1,7 milhão de moradias, sendo 1,4 milhão entregues. A meta de 2 milhões até 2026 será superada, podendo chegar a 3 milhões, segundo o ministro.
Costa ressaltou ainda que 3% das unidades serão destinadas a pessoas em situação de rua, em parceria com prefeituras e entidades sociais.
Durante a entrevista, o ministro também falou sobre obras estratégicas em várias regiões do país:
– Recife (PE): concessão do metrô e VLT com aporte de R$ 3 bilhões do governo federal.
– Belém (PA): investimentos de R$ 6 bilhões em saneamento, mobilidade e infraestrutura para a COP 30.
– Salvador-Itaparica (BA): início das obras da ponte em 2026, considerada a maior da América Latina.
– Transnordestina: retomada garantida até o Porto de Suape (PE), após trechos terem sido retirados no governo anterior.
Defesa do governo Lula
O ministro também respondeu a perguntas sobre a base de apoio no Congresso Nacional e as críticas do presidente Lula à federação entre União Brasil e PP.
“Quem compõe o governo deve defender esse governo. Ou a pessoa acredita no trabalho que faz, ou fica esquisito. Até aqui, conseguimos aprovar as principais medidas, sempre em benefício da população.”
Rui Costa lembrou que o governo Lula destinou R$ 109 bilhões ao Rio Grande do Sul (RS) após os desastres climáticos, o maior volume da história, e criticou projetos que buscam usar recursos do fundo social para pagar dívidas antigas de agricultores.
“Não é justo que uma empregada doméstica ou um cobrador de ônibus financiem dívidas de quem tomou empréstimos e não pagou.”
Regulação das plataformas digitais
Sobre a regulação das big techs, Rui Costa afirmou que o governo vai esperar a aprovação do texto em votação no Senado e, depois, propor complementações.
“É preciso garantir regras claras. Não dá para alguns veículos pagarem tributos e outros faturarem bilhões sem contribuir com nada.”
Ao final da entrevista, o ministro avaliou os resultados do governo do Lula, com queda no desemprego, aumento da renda e retomada das obras paradas. Explicou ainda a mudança do slogan do governo para “Do lado do povo brasileiro”.
“O Brasil precisa de um projeto de nação de longo prazo. Os governos passam, mas a nação fica. É hora de falar de orgulho nacional e de um governo que está ao lado do povo.”
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Da Redação da Agência PT