O mercado financeiro norte-americano prevê um salto nas dividas e no déficit orçamentário durante a presidência de Donald Trump, o que se refletiu no aumento do rendimento dos títulos do governo de dez e 30 anos após a divulgação dos resultados. E essa projeção não está completamente errada.
“Durante o primeiro mandato de Trump, ele adicionou US$ 8 trilhões à dívida nacional — todos os presidentes anteriores juntos acumularam US$ 20 trilhões — apesar de ter prometido gerar superávits orçamentários tão grandes que eliminariam a dívida nacional em dois mandatos”, relembra Jeffrey Frankel, professor de Harvard e pesquisador associado no US National Bureau of Economic Research.
Ao longo da última campanha, Trump prometeu cortar impostos para aparentemente todos os grupos que lhe atraíssem a atenção – e o prognóstico central do Comitê para um Orçamento Federal Responsável mostra que as propostas fiscais de Trump implicam US$ 10 trilhões em receita perdida nos próximos dez anos.
“Adicione a isso US$ 1 trilhão extra em juros acumulados sobre a dívida nacional, e as perdas excedem em muito os US$ 3 trilhões em receita adicional que viriam das tarifas altíssimas que Trump prometeu introduzir. Isso exigirá que o governo federal venda muitos títulos — uma prática que manterá seu preço baixo e as taxas de juros altas”, explica o articulista.
Os republicanos dizem que a receita perdida será compensada pelos cortes de gastos, e aí entra o novo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) – a ser liderado por Elon Musk e Vivek Ramaswamy – que supostamente cortará desperdícios, fraudes e abusos do orçamento federal.
Musk projeta um corte de “pelo menos US$ 2 trilhões” do orçamento norte-americano por ano, o equivalente a 31% dos gastos anuais dos EUA e 7% do PIB dos EUA, o que é considerado “pura fantasia” traçada por uma comissão consultiva, na visão do economista Jeffrey Frankel.
“Embora os republicanos controlem todos os ramos do governo, é improvável que suas recomendações sejam promulgadas; elas podem nem mesmo se desenvolver em propostas de políticas acionáveis. Mas mesmo se deixarmos de lado as fraquezas do DOGE – sem mencionar os enormes conflitos éticos que suas atividades criariam para Musk, o homem mais rico do mundo – o valor de US$ 2 trilhões continua absurdo”, alerta o articulista.