Nesta segunda-feira (28), um apagão de grandes proporções atingiu toda a Espanha e Portugal, além de partes da França e, segundo relatos, até da Bélgica e da Alemanha. A interrupção no fornecimento de energia provocou o caos nas grandes cidades: transportes coletivos, linhas de metrô e trens foram paralisados, a telefonia móvel foi interrompida e os semáforos deixaram de funcionar, gerando congestionamentos e cenas de desespero nas ruas.

O blecaute começou por volta de 12h30 (horário local) e, segundo a distribuidora Red Eléctrica, o processo completo de restabelecimento da energia poderá levar de seis a dez horas. Nas primeiras horas da tarde, regiões como Catalunha, Aragão, País Basco, Galiza, Astúrias, Navarra, Castela e Leão, Estremadura e Andaluzia já começavam a ter parte do serviço restabelecido. Entretanto, a situação continuava crítica em diversas áreas.

A falha afetou serviços básicos. Em Madri e Lisboa, os sistemas de metrô foram paralisados e passageiros tiveram de ser retirados das estações. Com o trânsito sem semáforos e os meios de transporte interrompidos, milhares de pessoas lotaram as ruas em busca de alternativas para voltar para casa. Em Barcelona, civis improvisaram orientação de tráfego nas principais avenidas. Hospitais começaram a enfrentar dificuldades para manter equipamentos funcionando apenas com geradores de emergência.

O setor aéreo também foi impactado: nos aeroportos espanhóis, como o de Madri e Barcelona, os embarques passaram a ser realizados de maneira manual, com check-in feito à mão. Em Lisboa, os terminais fecharam, e multidões se acumularam no entorno à espera de informações.

O colapso gerou também corridas aos supermercados, com a população buscando abastecimento de água e produtos não perecíveis. Muitos estabelecimentos maiores fecharam as portas por falta de energia, enquanto mercearias menores enfrentaram dificuldades de reposição de estoque. Aplicativos de mensagens funcionavam apenas parcialmente, e a comunicação móvel foi drasticamente afetada.

As autoridades espanholas e portuguesas ainda investigam as causas do apagão. Tanto a Red Eléctrica quanto a E-Redes, em Portugal, confirmaram que se trata de uma falha no sistema interligado europeu, sem indícios, até o momento, de ataque cibernético. Em pronunciamento, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou a convocação do Conselho de Segurança Nacional e recomendou que a população evitasse deslocamentos e utilizasse os serviços telefônicos apenas em emergências.

Em declarações à imprensa em Bruxelas, Teresa Ribera, vice-presidente da Comissão Europeia, classificou o apagão como “um dos episódios mais graves registrados na Europa nos últimos tempos”.

Direto da Espanha, correspondente do Diário Causa Operária (DCO) relatou o cenário de caos vivido na Península Ibérica. Em sua avaliação, o apagão expôs não apenas a fragilidade da infraestrutura elétrica, mas também a profundidade da crise capitalista no continente.

Segundo ele, “boa parte da Europa vive hoje um dia de intenso caos”. O correspondente relatou que “o apagão provocou paralisação não só de toda rede elétrica, mas o transporte coletivo, como metrô, trens, em cidades, em capitais importantes como Madri”. Além disso, afirmou que a crise “afetou além da maior parte da Espanha, também regiões inteiras de Portugal, da França e houve relatos de que outros países teriam sofrido também com a consequência, chegando a se falar na Grécia e Alemanha”.

Criticando a resposta das autoridades, o correspondente ressaltou que “o governo demorou cerca de seis horas para que o chefe do governo, Pedro Sánchez, viesse à televisão fazer um pronunciamento no qual não explicava absolutamente nada sobre as causas”. Ainda de acordo com ele, “mesmo tendo convocado uma reunião do governo, ministros, inclusive de setores das Forças Armadas, o país permaneceu totalmente paralisado, não só o transporte, mas o comércio também”.

Sobre a origem do problema, o correspondente observou que “o governo de Portugal atribuiu à Espanha a responsabilidade pelo acontecido”, já que “boa parte da energia consumida em Portugal é comprada da Espanha”, em um sistema privatizado que “conjuga a produção de fontes hidráulicas, solares, termoelétricas e nucleares”.

Ele fez, ainda, uma conexão direta entre o colapso e a política imperialista:

“No momento de profunda crise, em que toda a Europa chegou a viver momentos de racionamento por conta da política imperialista de bloqueio à importação de gás e petróleo da Rússia, a crise energética se agrava e se torna um dos centros da pressão em torno do acordo na guerra da Ucrânia.”

Denunciando a responsabilidade dos governos imperialistas europeus, declarou:

“Os governos da Espanha, da França e outros têm advogado pela continuidade da guerra, em defesa dos interesses dos bancos, das grandes companhias petrolíferas e, principalmente, da indústria armamentista.”

Para o correspondente, o apagão “joga lenha na fogueira da crise europeia” e “aparece como um sintoma muito claro da crise capitalista mundial”.

Por fim, comparando com a realidade brasileira, ele afirmou:

“Nós que no Brasil nos acostumamos a ver os apagões provocados pelas chuvas e pela política de deterioração do setor elétrico devido à privatização, agora vemos que a crise capitalista está levando o mundo todo para um buraco que tem características semelhantes à nossa situação.”

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Last Update: 29/04/2025