Os trabalhadores da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) amargam uma série de ataques, fruto do processo de desmonte e precarização da empresa implementado por sucessivos governos. O governo Lula alega que a ECT vive uma crise financeira estrutural, enquanto foram retirados da empresa R$ 6 bilhões em dividendos, e o próprio ministro da Casa Civil, Rui Costa ameaça demitir 10 mil trabalhadores, e pressiona pela adesão ao PDV (Programa de Demissão Voluntária).
O sentimento da base da categoria é de indignação. Pressionado pela base, o Conselho Nacional de Representantes (CONREP) aprovou o indicativo de greve nacional a partir do dia 16 de setembro. As direções majoritárias das entidades, porém, ligadas ao governo, pouco ou nada fazem num momento em que a categoria deveria estar mobilizada na campanha salarial e preparando a greve.
Além da sobrecarga causada pela falta de abertura de concurso público (num momento em que a direção da empresa faz o contrário ao abrir o PDV), os trabalhadores dos Correios enfrentam a corrosão dos salários e direitos. As altas mensalidades do Plano de Saúde afetam a tal ponto a categoria que muitos chegam a abrir mão dessa que foi uma conquista dos trabalhadores.
“O sindicato e as entidades são dos trabalhadores, não da empresa nem do governo, o que nós exigimos é união e mobilização de verdade“, afirma Heitor Fernandes, militante da Oposição Democracia & Luta, ligada à CSP-Conlutas, e militante do PSTU. A oposição vem exigindo que os sindicatos convoquem assembleias para organizar a categoria para que, de fato, se construa uma forte greve nacional a partir do dia 16, impedindo que as direções governistas recuem dessa luta. “Sindicalistas não podem dar tréguas aos governos e aos patrões. Não aceitaremos chantagens e traições“, reafirma Reginaldo Afonso, também da oposição e da CSP-Conlutas.
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A ECT se retirou da mesa de negociações e uma nova reunião deve acontecer neste dia 26. Os trabalhadores dos Correios exigem reposição salarial de 14%, o mesmo índice dado aos diretores da empresa, o fim das mensalidades do Plano de Saúde, e o reajuste salarial retroativo a agosto. Nos últimos dois anos a empresa, em conluio com as direções, impuseram o reajuste em janeiro, o que já vem acumulando 10 meses de defasagem, e serão 15 caso imponham a reposição só para janeiro do ano que vem.
“Queremos a união das duas federações e dos 36 sindicatos, juntos na luta, vamos todos juntos lotar as assembleias”, chama Júlio Negão, da oposição e da CSP-Conlutas. Os trabalhadores não podem pagar pela crise causada pelos próprios governos, é hora de ir à luta em defesa dos empregos, dos salários e dos direitos, e em defesa de uma empresa estatal e de qualidade.