A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira, 26, uma operação para desarticular uma organização criminosa acusada de utilizar fintechs para a prática de crimes contra o sistema financeiro, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. As instituições teriam operado como um braço do crime organizado, facilitando o tráfico de drogas, armas, contrabando e outros delitos.

Os investigados movimentaram cerca de 6 bilhões de reais nos últimos cinco anos, sendo 800 milhões de reais apenas em 2024. Cerca de 200 policiais federais cumpriram 16 mandados de prisão preventiva e 41 de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal.

As investigações, iniciadas em 2022, desnudaram um esquema que operava como um sistema bancário clandestino, com transações que alcançaram 120 bilhões de reais no Brasil e no exterior. Entre os destinos principais dos recursos ilícitos estão Estados Unidos, Canadá, Panamá, Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Peru, Holanda, Inglaterra, Itália, Turquia, Emirados Árabes Unidos (Dubai), Hong Kong e, especialmente, a China.

PM preso foi assessor de Tarcísio de Freitas

Na capital paulista, quatro pessoas foram presas, entre eles o capitão da Polícia Militar, Diogo Cangera, que atuou como assessor do governador Tarcísio de Freitas. Cangera trabalhou na Casa Militar do Palácio dos Bandeirantes até 3 de setembro deste ano, quando foi transferido para o 13.º Batalhão da PM, responsável pelo patrulhamento da Cracolândia.

De acordo com a investigação, o militar desempenhava papel central no esquema, atuando como captador de clientes interessados em lavar dinheiro, realizar evasão de divisas ou ocultar capitais. Ele também oferecia suporte logístico para o funcionamento da organização. Cangera foi levado para a sede da Polícia Federal, de onde será transferido para o Presídio Militar Romão Gomes.

Em nota, o Palácio dos Bandeirantes afirma que Cangera ingressou na Casa Militar em abril de 2012 e permaneceu até setembro deste ano. “Neste período, a Casa Militar não foi notificada sobre nenhuma investigação ou apuração em desfavor do policial. A Corregedoria da Polícia Militar acompanha os desdobramentos da operação e está à disposição da Polícia Federal para colaborar com as investigações”, informou a assessoria de Tarcísio de Freitas.

Alcance internacional

As fintechs ilegais movimentavam dinheiro dentro e fora do Brasil, atendendo tanto grandes grupos criminosos quanto indivíduos que buscavam serviços de lavagem de dinheiro ou envio de recursos ao exterior. Além das prisões, a Justiça Federal bloqueou bens e valores superiores a 10 bilhões de reais, envolvendo mais de 200 pessoas jurídicas.

Os mandados de busca e prisão preventiva foram cumpridos em cidades como São Paulo, Campinas, Guarulhos, Foz do Iguaçu, Florianópolis, Brasília, Fortaleza e até no exterior, evidenciando o alcance e a sofisticação do esquema.

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Last Update: 26/11/2024