
Uma condição genética rara chamada situs inversus pode fazer com que os órgãos internos de uma pessoa estejam posicionados do lado oposto ao usual.
Em vez do coração à esquerda e o fígado à direita, esses órgãos aparecem invertidos, o que surpreende até mesmo profissionais da saúde. Apesar da alteração anatômica, os órgãos funcionam normalmente na maioria dos casos.
O situs inversus pode ser total, quando todos os órgãos do tórax e abdômen estão invertidos, ou parcial, com apenas alguns fora da posição esperada.
Segundo a médica Ana Eduarda Saraiva Pereira Campos, do Grupo Fleury, a condição pode ter origem genética ou estar relacionada a falhas nos sinais que orientam a formação do corpo nas primeiras semanas do embrião.
Mais de 100 genes estão ligados ao desenvolvimento da lateralidade corporal, como DNAH5, ZIC3 e PITX2, que afetam a movimentação dos cílios no embrião e o caminho de sinalização do posicionamento dos órgãos. Fatores ambientais, como diabetes materna ou uso de certos medicamentos na gravidez, também podem influenciar o surgimento da condição.

Embora o funcionamento dos órgãos não seja afetado, o situs inversus pode dificultar diagnósticos em emergências. Um exemplo é a apendicite, que normalmente causa dor do lado direito. Com os órgãos invertidos, a dor aparece do lado esquerdo e pode atrasar o diagnóstico. A médica alerta para o risco de complicações nesses casos e destaca a importância de profissionais estarem atentos à possibilidade da condição.
Em cirurgias e procedimentos médicos, saber previamente da inversão dos órgãos é essencial. A falta dessa informação pode levar a erros durante operações, o que torna importante que pessoas com o diagnóstico carreguem documentos ou pulseiras de identificação informando a condição.