O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central aumentou a taxa básica de juros em um ponto percentual, para 13,25% ao ano, na primeira reunião de 2025. A decisão tomada de forma unânime também é a primeira do Bacen sob o comando do novo presidente, Gabriel Galípolo.
De acordo com o comunicado, a decisão “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”, implicando também na “suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.
Um dos pontos que justificou a decisão foi a “desancoragem adicional das expectativas de inflação” vistas no cenário mais recente, aliado a uma “elevação das projeções de inflação, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista”.
Além disso, o colegiado destacou que “segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes”.
De acordo com o comunicado divulgado após a reunião, o Copom entende que a decisão “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante” e que, caso o cenário esperado se confirme, haverá um ajuste de magnitude semelhante na próxima reunião.
“Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.
Repercussão
Segundo o economista Bruno Corano, da Corano Capital NY, Galípolo fez o que era o esperado e disse que o novo presidente do BC teve personalidade.
“Muitos consideravam que ele poderia ser um instrumento de manobra do governo, em particular do Presidente Lula”, diz Corano. “E, com essa atitude, o presidente do BC demonstra que, pelo menos até agora, está agindo baseado na razão e por princípios e fundamentos técnicos, o que é muito positivo em relação à saúde financeira do país, dentro do que cabe ao Banco Central”.
“O comunicado em si, ele traz poucas divergências, ou quase nenhuma divergência em relação à análise macroeconômica e a conjuntura macroeconômica momentânea”, explica Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.
De acordo com Carla, os fatores de risco, principalmente os fatores de risco de alta, se mantém exatamente os mesmos. “O único fator de risco que foi alterado foi um risco de baixa, que diz respeito à precificação dos ativos e dos produtos, principalmente, por vias de política externa e que são levadas a cabo inclusive por outros países e que reverberam no Brasil (…)”.
Ao apontar os links do comunicado da primeira reunião de Galípolo com a nota da última reunião comandada por Roberto Campos Neto, Carla Argenta ressalta que “todas essas palavras estão ali por um motivo, que é mostrar uma continuidade no trabalho da instituição, que é sinalizar para o mercado que não há uma descontinuidade perante a nova diretoria, perante a nova composição da instituição”.