Fachada do Banco Central do Brasil
Prédio do Banco Central do Brasil – Reprodução/Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, de forma unânime, aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual nesta quarta-feira (19), atingindo 14,25% ao ano. Esse é o maior patamar registrado desde outubro de 2016.

Essa foi a quinta reunião consecutiva com elevação dos juros e a segunda sob a liderança de Gabriel Galípolo à frente do BC. O movimento já era esperado pelo mercado financeiro, alinhando-se à sinalização do próprio Copom na última reunião de dezembro, quando a taxa foi elevada de 11,25% para 12,25%.

Na ocasião, o comitê indicou a intenção de novos aumentos na mesma magnitude nos encontros seguintes. Em janeiro, a Selic subiu para 13,25%, confirmando a previsão.

Retorno do aperto monetário

Entre agosto de 2023 e maio de 2024, o BC promoveu sucessivas reduções da Selic, estabilizando-a em 10,5%. No entanto, o cenário econômico levou ao retorno do aperto monetário em setembro, diante de fatores como:

  • Persistência da inflação acima da meta;
  • Incertezas no cenário global;
  • Desancoragem das expectativas do mercado.

Para maio, o Copom indicou que pode continuar subindo a Selic, mas em menor magnitude.

Gabriel Galípolo olhando para o lado, sério, de terno e gravata
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central – Reprodução/Agência Brasil

Principais preocupações do BC

O comunicado do BC destaca que a economia global, especialmente os Estados Unidos, segue sendo um fator crítico para suas decisões. O comitê citou incertezas relacionadas à política comercial norte-americana e seus impactos inflacionários.

No Brasil, a atividade econômica mostra sinais de melhora, mas a inflação segue pressionada. Os principais riscos identificados pelo Copom incluem:

  • Expectativas inflacionárias desancoradas por mais tempo;
  • Inflação de serviços acima do esperado;
  • Impactos inflacionários de políticas econômicas interna e externa.

Impacto fiscal e projeções para inflação

O mercado também observa com preocupação a política fiscal do governo. Medidas recentes, como a liberação do saque-aniversário do FGTS e o crédito consignado para trabalhadores com carteira assinada, foram vistas como estimuladoras do consumo, o que pode pressionar ainda mais os preços.

A última pesquisa Focus projeta o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 5,66% para 2025 e 4,48% para 2026. O BC tem como meta entregar uma inflação de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Em fevereiro, o IPCA subiu 1,31%, maior alta para o mês desde 2003, acumulando 5,06% nos últimos 12 meses.

Cenário internacional e decisões do Fed

Nos Estados Unidos, as tarifas comerciais impostas pelo governo Donald Trump seguem como um fator de instabilidade global. A imposição de tarifas de 25% sobre aço e alumínio gerou retaliações de importantes parceiros comerciais, como Canadá, México e China.

O Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, manteve sua taxa de juros entre 4,25% e 4,5%, citando a falta de clareza sobre o futuro econômico. O mercado espera uma nova manutenção em maio e possíveis cortes apenas a partir de junho.

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Last Update: 19/03/2025