Você pode não ter, mas certamente já viu um copo Stanley. A marca centenária surgiu em 1913, e se transformou em item de moda em todo o mundo. Foi criada na Nova Inglaterra como garrafas térmicas e lancheiras para os trabalhadores e ampliou para os praticantes de atividades ao ar livre. Até o boom, nos anos 2000, quando a empresa percebeu um espaço para investir no tema hidratação a toda hora. Foram anos focados nesse segmento, até os resultados aparecerem. Mas nem tudo é para sempre. O futuro começa a apontar desafios para a marca.
O sucesso recente é sempre mencionado como exemplo de marketing bem-sucedido. Embarcou na ideia de que a hidratação é essencial para a qualidade de vida, o que todos concordam, mas “envelopou” a água com uma marca muito além das garrafas PET. Em 2019, a receita anual foi de 73 milhões de dólares. Em 2023, o resultado foi mais de dez vezes superior: 750 milhões.
Apesar do sucesso e da internacionalização da marca, em tempos de comportamento digital e volatilidade do consumo, é preciso estar atento. Tendências como a de objetos de uso não obrigatório nem incorporados a novas tecnologias devem reinventar-se constantemente. Lembram-se das polainas da década de 1980? Ou das pochetes? Sim, hoje são horríveis e estão descartadas. É preciso estar atento e entender que o campo que se defende deve ser mantido.
Agora a empresa dá passos para ser mais do que copos. Vai entrar no mercado de hidratação com wheys e outras bebidas. A empresa também deve lançar modelos com nomes da música. Uma das apostas é Post Malone, que terá uma linha com seu nome. Novos produtos voltados para aficionados por cafés devem surgir. A medida visa compensar uma queda de vendas percebida nos canais de vendas de artigos esportivos. A Stanley vai, aos poucos, migrando de mercado. Além dos copos, vai investir no que pode enchê-los.
Labubu
Labubu é um personagem de livros infantis criado em 2015 pelo designer e ilustrador Kasing Lung, de Hong Kong. Baseado na mitologia nórdica – é um elfo, faz mágica –, Labubu transformou a Pop Mart, empresa chinesa de brinquedos, em um dos players que mais crescem no mercado mundial.
A transição do boneco das páginas dos livros para o universo dos brinquedos aconteceu em 2019. Primeiro, como boneco plástico e, depois, de pelúcia e itens menores. O resultado é que, nos últimos 12 meses, com o Labubu espalhado pelo mercado mundial, as ações da empresa subiram 535%. A companhia foi avaliada em 42 bilhões de dólares, sete vezes o valor da Mattel, dona da Barbie.
O produto original pode ser encontrado nas plataformas de marketplace com preços ao redor de 100 reais. A febre no Brasil ainda não começou, mas se prepare. Em alguns dias você será impactado pelos novos elfos chineses.
Lanche recheado
A Aurora, terceira maior agroindústria de proteína animal, acaba de anunciar a compra da Gran Mestri, focada em queijos que tem no Grana Padano o carro-chefe. A compra potencializa a estrutura de distribuição e reforça a entrada da Aurora em mais canais. A sinergia de logística é fundamental no segmento de alimentação, para ganhar relevância no autosserviço e no varejo e eficiência operacional na gestão.
A Aurora é uma cooperativa nascida em 1969, em Chapecó, no interior de Santa Catarina. Hoje conta com 33 unidades produtoras e 37 centros de comercialização. A receita operacional bruta foi de 24,9 bilhões de reais, em 2024, crescimento de 14,3% sobre o ano anterior. Os dados são da SuperVarejo.
Ração garantida
A Mars, fabricante das rações Pedigree e Whiskas, acaba de inaugurar uma nova unidade em Ponta Grossa, no Paraná. A fábrica terá foco em rações úmidas, que representam pouco no mercado nacional, habituado a oferecer opções secas. Com a nova unidade, que teve um investimento de 450 milhões de reais, a expectativa é aumentar a participação das rações úmidas de 15% para 30% em três anos. A empresa tem mais duas unidades: em Mogi-Mirim, interior de São Paulo, e Recife.
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação, o Brasil é o segundo país no mundo em quantidade de PETs, com estimativa de 160 milhões de animais, entre cães, gatos, aves e peixes ornamentais. Em 2024, esse mercado faturou ao redor de 76 bilhões de reais. •
Publicado na edição n° 1366 de CartaCapital, em 18 de junho de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Copo cheio’