PRF intercepta ônibus para fiscalização. Foto: reprodução

Depoimentos de policiais rodoviários federais colhidos pela Polícia Federal confirmam irregularidades em operações realizadas no segundo turno das eleições presidenciais de 2022. As ações, usadas para intensificar a fiscalização de transporte de eleitores no Nordeste, foram apontadas como manobras para beneficiar o então presidente Jair Bolsonaro (PL). Quatro ex-diretores e coordenadores da PRF foram indiciados.

Segundo o jornalista Aguirre Talento, do Uol, Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador de Inteligência da PRF, relatou à PF que, em uma reunião dez dias antes do segundo turno, a direção do órgão apresentou um plano para monitorar ônibus com destino ao Nordeste, onde Lula (PT) historicamente lidera.

Ele ainda expressou desconforto com a ordem e a pressão exercida sobre ele após questionar a justificativa da ação. A resposta veio como uma determinação direta do então diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques: “É uma ordem do DG”.

Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, e Bolsonaro. Foto: reprodução

Apesar de seu incômodo, Adiel participou de outra reunião, em 27 de outubro de 2022, quando foi solicitado que obtivesse dados de fretamento de ônibus para o Nordeste junto à ANTT. Ele confirmou ter cumprido a ordem e repassado os dados ao diretor de Inteligência, Luis Carlos Reischak Junior, mas garantiu não ter usado a informação.

O chefe de operações da PRF na Bahia, Jeferson Almeida Moraes, relatou à PF que a direção nacional determinou mudanças no plano de fiscalização no segundo turno, com um aumento notável na intensidade das operações. A centralização das decisões foi inédita, substituindo o planejamento tradicionalmente conduzido pelas regionais.

Durante uma reunião em 19 de outubro de 2022, Silvinei Vasques teria declarado que “era hora de escolherem um lado”, em referência a apoiar um candidato. Antônio Vital de Moraes Júnior, ex-superintendente da PRF em Pernambuco, confirmou a frase, mas afirmou que interpretou como opinião pessoal de Vasques.

Além de Adiel, foram indiciados Djairlon Henrique Moura (diretor de Operações), Luis Carlos Reischak Junior (diretor de Inteligência) e Bruno Nonato dos Santos Pereira (servidor da ANTT). Eles são acusados de crimes relacionados às irregularidades no planejamento e execução das operações durante o pleito.

Os ex-diretores da PRF Luis Carlos Reischak Júnior (Inteligência) e Djairlon Henrique Moura (Operações), dois dos quatro policiais rodoviários indiciados pela PF – Foto: Reprodução

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Last Update: 22/01/2025