Valdir do Nascimento. Foto: Divulgação

Valdir do Nascimento, conhecido como Valdirzão, foi assassinado na noite de sexta-feira (10), em um ataque que deixou três mortos e cinco feridos em Tremembé (SP).

Na noite da última sexta-feira (10), cerca de dez homens armados invadiram o assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Tremembé, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo. O ataque aconteceu por volta das 23h e deixou três mortos e cinco feridos, aterrorizando as 45 famílias que vivem na área.

Entre os mortos está Valdir do Nascimento, 52 anos, conhecido como Valdirzão, uma liderança histórica do MST e referência na luta pela reforma agrária. Segundo relatos de testemunhas, ele foi morto com múltiplos tiros na cabeça enquanto dormia.

De acordo com Gilmar Mauro, membro da coordenação nacional do MST, Valdirzão era um dos principais combatentes contra a venda irregular de lotes no assentamento. A área, regularizada há 20 anos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), tem enfrentado tentativas de invasão e comércio ilegal de terras por milicianos desde 2021.

“Valdir era uma referência no combate à venda de lotes. Ele era uma liderança que não recuava”, afirmou Sabrina Diniz, superintendente do Incra e amiga de longa data de Nascimento.

O crime gerou comoção nacional e mobilizou autoridades. O presidente Lula entrou em contato com o MST, expressando solidariedade e assegurando o acompanhamento das investigações. O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) emitiu uma nota de repúdio, classificando o crime como “bárbaro”. O ministro Paulo Teixeira solicitou providências imediatas às autoridades paulistas.

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Foto: Divulgação

A Polícia Civil de Taubaté está conduzindo as investigações e já prendeu um homem acusado de porte ilegal de arma no local. A Polícia Federal também foi acionada pelo governo federal para investigar o caso como uma possível violação de direitos humanos.

Diversas autoridades condenaram o ataque. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, pediu ação imediata das autoridades e acompanhamento federal. “Nossa solidariedade às vítimas. Justiça é o que o povo brasileiro exige”, declarou o ex-secretário de comunicação Paulo Pimenta.

A deputada Camila Valadão (PSOL-ES) associou o crime à criminalização dos movimentos sociais. “A política de criminalização da luta em defesa da reforma agrária e da terra resulta em crimes violentos”, escreveu.

Valdirzão foi uma figura central na luta pela reforma agrária no Vale do Paraíba, participando das primeiras ocupações e da conquista de seis assentamentos na região. Ele era admirado por sua dedicação e liderança.

“Qualquer situação que você precisasse, ele estava lá para apoiar. Era um companheiro que representava tudo o que gostaríamos de ser”, declarou Sabrina Diniz.

O caso foi registrado como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo na Delegacia Seccional de Taubaté. Enquanto isso, a perícia continua no local, e armas apreendidas passarão por análise para identificar os envolvidos no ataque.

Conheça as redes sociais do DCM:

Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo

🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 11/01/2025