No dia 1º de julho, um dia após a realização do primeiro ato nacional em defesa da Palestina no Brasil, a emissora iraniana HispanTV entrevistou o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Luís Costa Pimenta. Embora o ato tenha sido convocado por mais de 100 entidades, o PCO foi o partido que tomou a iniciativa de propor a manifestações às demais organizações, destacando-se, assim, durante toda a mobilização para o dia 30 de junho.

Reproduzimos, abaixo, a parte final da entrevista de Luís Pimenta à HispanTV:

HispanTV: Estamos com Luís Pimenta, nosso convidado especial nesta entrevista exclusiva, a quem agradecemos imensamente por estar nos acompanhando nestes minutos de análise, onde é muito importante e pertinente trazer à tona a causa palestina. Luís Pimenta é o presidente do Partido da Causa Operária, PCO, e quem organizou esta manifestação.

Uma manifestação contundente com resultados que, obviamente, transcenderam as barreiras e fronteiras brasileiras porque hoje, da República Islâmica do Irã, estamos realizando, estamos tendo esta conversa realmente pela importância que essa manifestação tem, podendo ser o começo de muitas outras manifestações tanto no Brasil quanto em outros países.

Luís Pimenta, vamos falar sobre esses projetos. Vamos falar sobre esses projetos a curto e médio prazo que você tem em mente no Brasil em prol da causa palestina. E até que ponto eles são exportáveis, ou seja, podem ser levados para outros países da América Latina e do mundo. Conte-nos um pouco sobre isso, ou seja, tudo o que pode ser alcançado no curto prazo e, principalmente, a capacidade de expandir isso para outros países do continente e, por que não, de outras partes do mundo.

Luís Pimenta: Nós discutimos que o próximo passo seria a realização de atos bem propagandeados, bem divulgados, com discussão com a população nas principais capitais do Brasil, dos estados brasileiros. Isso é o que pretendemos fazer. Quanto ao conjunto da América Latina, nós temos boas relações com vários partidos. Por exemplo, nós estamos participando, neste momento, do Foro de São Paulo. É uma organização de partidos de esquerda latino-americanos. Alguns deles estão, neste momento, no governo de seus países. Nesta reunião que houve neste final de semana, propomos uma campanha, uma luta conjunta em torno da questão palestina. Vamos discutir mais com esses partidos e com a direção do Foro de São Paulo. Falamos agora há pouco sobre a impotência de entidades vinculantes como a Organização das Nações Unidas, que, bem sabemos, e não é segredo para ninguém, segue as indicações dos Estados Unidos.

HTV: Luís Pimenta, é preciso haver outras alternativas tangíveis, definitivamente, que se possam tocar, que se possam materializar. Mas, nunca falta um “mas”. Há muitos países que têm medo das eventuais sanções dos Estados Unidos. Como combater esse temor desses países? E que definitivamente, no mais profundo, refiro-me aos governos desses países, eles estão com a causa palestina, mas têm medo de manifestar isso porque os Estados Unidos os ameaçam. Ou seja, se você apoia a causa palestina, eu te sanciono. Como combater esse medo? Conte-nos.

Luís Pimenta: Acho que, neste momento, há uma oportunidade muito importante de criar um polo alternativo à dominação imperialista. Temos países como China, Rússia, Irã, mais claramente, e outros não tão claramente, que gostariam de criar este polo de unidade contra os desmandos do imperialismo, em particular o imperialismo norte-americano.

O medo, o temor dos governos, acho que somente será superado pela ação massiva das populações. Não se trata simplesmente de defender a Palestina como se fosse algo alheio à realidade desses países. Nós sofremos a política econômica ditada pelo imperialismo no Brasil. Assim é. Há milhões de pessoas na miséria. Isto é um problema que se soma ao horror que está acontecendo na Palestina. Na Faixa de Gaza, na Palestina.

HTV: Nos resta muito pouco tempo, Luís Pimenta. O que você pensa, em particular, sobre a proposta ocidental de uma solução de dois Estados? Você acha realmente que seria o mais justo? Eu, particularmente, não acho, mas quero conhecer o seu ponto de vista.

Luís Pimenta: Não, não acredito. Nós do PCO defendemos que o Estado israelense, como regime racista, fascista, de apartheid, deve ser destruído e, em seu lugar, construído um Estado palestino que atenda toda a população local. A solução de dois Estados, na minha opinião, é uma quimera e um engano. Isso mantém a situação dos palestinos sob o jugo sionista. Mantém uma instabilidade.

HTV: Para concluir, coloco o seguinte: chegará o momento, em sua opinião, em que o regime israelense ficará sozinho nesta luta, neste genocídio contra o povo palestino? Por quê? Bom, penso eu, que os Estados Unidos podem se cansar de não terem alcançado resultados em termos de objetivos. Ou seja, Israel pode deixar de ser útil para os interesses americanos na zona da Ásia Ocidental. O que você pensa sobre essa hipótese que eu coloco?

Luís Pimenta: Acho que o imperialismo vai se tornar mais e mais violento quanto maior for sua crise, como com a Rússia na Ucrânia, como na Palestina. E acho que nós precisamos estar preparados para enfrentar esta crescente violência imperialista.

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Última Atualização: 06/07/2024