A Universidade de Brasília suspendeu o estudante Wilker Leão de Sá de frequentar as aulas de História da África e História do Brasil ministradas pela instituição. O youtuber vinha sendo acusado de gravar conteúdos das aulas e promover comentários de ódio ao alegar que os conteúdos eram ‘doutrinação de esquerda’.
Segundo despacho publicado na última quinta-feira 12 e assinado pela reitora da universidade, Rozana Reigota Naves, a suspensão é válida por 60 dias.
O procedimento adotado tomou como linha de apuração “gravações sem a devida autorização, ocasionando prejuízo ao regular andamento de disciplinas, resultando, inclusive, em suspensão dessas aulas e, por consequência, ocasionando prejuízo também aos estudantes matriculados nessas disciplinas”.
A universidade passou a apurar a conduta de Wilker depois que professores e estudantes passaram a acusá-lo, nos últimos meses, de gravá-los sem autorização, e de promover comentários ofensivos junto à sua base de seguidores nas redes sociais, que passa dos 800 mil. Colegas e professores relatam que os vídeos do youtuber são editados e as falas são distorcidas.
Uma professora da universidade chegou a registrar um boletim de ocorrência contra o estudante por difamação. A docente disse em depoimento que foi chamada de “autoritária” e que os vídeos de suas aulas “chegaram ao conhecimento de seus filhos menores de idade”, que se depararam com “sucessivos comentários de ódio” da base de seguidores do influenciador. A Polícia Civil do Distrito Federal comunicou que a “ocorrência foi registrada via Delegacia Eletrônica e encaminhada à 2ª DP, que está investigando o que foi narrado”.
Para além da suspensão, o Centro Acadêmico de História da UnB também decidiu, por unanimidade, expulsar o youtuber de debates, rodas de conversa, eventos públicos e das instalações físicas do grupo estudantil.
Em 2022, Wilker ganhou destaque ao provocar o presidente Jair Bolsonaro na saída do Palácio do Alvorada, ocasião em que o chamou de “tchutchuca do Centrão”, “covarde”, “safado” e “vagabundo”.
Wilker Leão é advogado com inscrição regular na Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Distrito Federal (OAB-DF) e disse que se matriculou no curso de História da UnB “justamente por ser um dos cursos que a esquerda mais dominou com suas narrativas ideológicas e doutrinárias”. “Combater isso é o meu principal objetivo dentro da universidade federal”, afirmou.
Em suas redes, Wilker se diz vítima de ‘perseguição’ e afirmou que vai recorrer da decisão da universidade.