Na segunda-feira (8), a cúpula da Caixa Econômica Federal destituiu dois gerentes que se opuseram à compra de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master. Esses títulos foram considerados arriscados demais para os padrões da instituição.
Um parecer sigiloso de 19 páginas, divulgado pela coluna de Maria Silva, no Diário do Centro do Mundo, desaconselhou a operação, considerada “atípica” e “arriscada”, não só pelo alto valor, mas também pelo rating do Banco Master. A análise indicava que o modelo de negócios do Banco Master era “de difícil compreensão” e apresentava um “alto risco de solvência”.
Alerta
Os gerentes da Caixa alertaram que a instituição nunca aplicou um volume próximo de R$ 500 milhões por um prazo tão longo em instituições de perfil arriscado como o Master, que tem um rating interno de BB+, considerado de médio risco. Esse tipo de aporte geralmente é destinado a instituições renomadas no mercado, como os principais bancos públicos e privados.
O parecer enfatizava que “expor-se a um emissor com o perfil de risco em questão (‘médio risco’) e por um prazo de 10 anos é altamente arriscado e atípico no mercado”. A decisão chamaria a atenção de todo o mercado e dos investidores, já que a operação vai contra a prática comum de mitigação de riscos.
Os técnicos também destacaram que nenhuma das concorrentes do braço de gestão de fundos da Caixa fez negócio com o Banco Master, o que reforça a tese de uma operação atípica.
Riscos
Nos últimos anos, a instituição adquiriu outros bancos menores, aumentando seu patrimônio líquido.
Ainda segundo o documento o Master tem R$ 820 milhões em ativos no mercado financeiro. Desse total, cerca de R$ 780 milhões foram aplicados por gestoras ligadas ao próprio banco, significando que apenas R$ 40 milhões foram comprados pelo mercado.
Se a Caixa Asset comprasse as letras financeiras no valor proposto, estaria investindo no banco quase 13 vezes o valor que outros agentes do setor aplicaram na instituição somados. “Essa decisão pode suscitar questionamentos sobre a avaliação e a estratégia de gestão de risco adotada pela Asset, impactando a percepção de confiança e prudência no mercado”, alertava o documento.
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