O governo de Israel parece ignorar os esforços dos Estados Unidos e aliados em torno de um cessar-fogo na região de Gaza e, ao que tudo indica, está levando a região para uma guerra de maior espectro.
Analistas ouvidos pelo jornal The New York Times destacam que os assassinatos de autoridades ligadas ao Hezbollah e ao Hamas aumentaram de forma drástica os riscos de uma guerra regional, enquanto Irã, Hamas e Hezbollah prepararam retaliação.
Na última semana, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discursou em Washington e deu a entender que vai manter a guerra contra o Hamas nas regiões de Gaza e Cisjordânia mesmo sem ter ideia de seu objetivo final.
As mortes de Fuad Shukr, um comandante sênior do Hezbollah, e Ismail Haniyeh, o líder político do Hamas, não vão mudar o panorama da região – e é mais provável que o conflito se intensifique e dificulte o cessar-fogo em Gaza.
Os analistas também destacam o desdém de Netanyahu sobre a chance de um cessar-fogo e um acordo regional. Para ele, apenas a força vai levar o Hamas a retomar a dissuasão estratégica de Israel ante o Irã e seus aliados.
Empoderamento da extrema-direita
E a falta de um objetivo no confronto contra os palestinos começa a causar divisões em Israel, alimentando as suspeitas de que a guerra está sendo mantida apenas para que Netanyahu continue no poder.
Para isso, Netanyahu deu poder e cargos a políticos de extrema-direita pró-assentamentos e religiosos que são contra a formação da Palestina de qualquer maneira – dois deles são Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, e Itamar Ben-Gvir, que possui grande influência na gestão da Cisjordânia e a quem o New York Times nomeia como “criminoso condenado”.
Os dois trabalham para não só enfraquecer a Autoridade Palestina como buscam aumentar a expansão de assentamentos, colocam aliados em posições-chaves no serviço público e se opõem a qualquer acordo com os palestinos.
“Assim como o ex-presidente Donald J. Trump, Netanyahu, apesar de seu longo período no poder, surfa nessa onda antielitista argumentando que ele é o único que pode enfrentar os Estados Unidos e as Nações Unidas e impedir uma Palestina soberana e dominada pelo Hamas”, diz a publicação, ressaltando que Ben-Gvir e Smotrich representam “uma revolta populista” contra as instituições democráticas israelenses.