O atual momento político internacional escancara, como poucas vezes na história recente, a verdadeira face do imperialismo. Após as derrotas sucessivas nos últimos anos e, especialmente, com o massacre promovido pelo Estado de Israel na Palestina — que revelou ao mundo a barbárie das potências imperialistas —, nunca foi tão evidente a necessidade de uma resposta organizada e enérgica da esquerda mundial.
É nesse cenário que ganha destaque a iniciativa da construção da Frente Internacional Antifascista, impulsionada pelo governo venezuelano. Um passo fundamental e simbólico. A Venezuela, alvo sistemático da sabotagem imperialista, vive cotidianamente sob a ameaça fascista: cada eleição é uma tentativa de golpe, cada mobilização bolivariana é enfrentada por milícias a serviço do imperialismo. O povo venezuelano conhece na pele o que é o avanço do fascismo impulsionado pelos interesses de Washington.
No Brasil, a situação não é diferente. Ainda que setores da esquerda insistam em ver o bolsonarismo como o principal inimigo, a realidade mostra que o maior perigo à frente é o fechamento do regime, articulado diretamente pelo imperialismo. É o imperialismo que hoje manipula o Judiciário para conter a extrema-direita reacionária quando ela ameaça seus próprios interesses, ao mesmo tempo que desmoraliza o governo Lula com escândalos fabricados e ataques sistemáticos à sua base de apoio.
É preciso responder à altura. A construção da frente única não pode ser tarefa de um pequeno grupo de iluminados ou uma articulação de cúpula entre partidos e burocracias sindicais. O que se impõe é a formação de uma frente de massas, enraizada no movimento operário, na juventude combativa, nas organizações populares. A luta deve ser feita com os que querem lutar — dentro e fora dos partidos, dos sindicatos e das organizações da esquerda.
Essa frente precisa ter um caráter internacional e combativo. Não pode chegar ao povo como uma estrutura imposta de cima para baixo, desconsiderando as organizações já existentes, mas tampouco pode ser sequestrada por direções que não representam os setores mais mobilizados da população. A Internacional Antifascista deve servir como instrumento real de luta, unindo todos que estão dispostos a enfrentar o inimigo principal: o imperialismo.
No Brasil, ainda não há nenhum movimento com essas características. Por isso, é tarefa imediata da esquerda revolucionária impulsionar sua construção. A luta contra o fascismo e o imperialismo é urgente — e deve ser travada com organização, clareza política e ação direta.
Não será através de alianças eleitorais com a burguesia que se construirá essa frente. A frente única se faz nas ruas, na mobilização popular, como nos ensinam os 80 anos do Dia da Vitória: foi a classe operária armada e mobilizada que derrotou o nazismo, e será também a classe operária quem derrotará o imperialismo e o fascismo.
O ato realizado em São Paulo no último dia 10 mostrou o caminho. Foi um marco, um ensaio do que pode ser uma verdadeira Frente Internacional Antifascista. Todos os presentes saíram com a consciência da necessidade de se organizar para combater o fascismo e o imperialismo. A luta apenas começou. É hora de ampliar, aprofundar e organizar essa frente única de combate.