O Dia Internacional da Eliminação da Discriminação Racial, celebrado em 21 de março, reforça a importância do combate ao racismo estrutural.
No Brasil, onde a população negra enfrenta desigualdades no acesso a oportunidades, discutir inclusão no mercado de trabalho é essencial.
Para profissionais negros em início de carreira, a trajetória envolve qualificação, desempenho e estratégias para navegar em ambientes corporativos historicamente pouco diversos.
Três líderes negros compartilham aprendizados que podem fazer a diferença nessa jornada.
Construa uma rede de apoio
A rede de contatos é uma ferramenta essencial para crescimento profissional.
Eliezer Leal, diretor e cofundador da Singuê, destaca a importância do conceito de “aquilombar”, que significa buscar suporte e fortalecer laços com pessoas que compartilham experiências semelhantes.
“Muitas vezes, somos os únicos em determinados espaços, o que pode gerar um sentimento de isolamento. Se aquilombar é contar com uma rede de apoio, receber orientação e também abrir caminhos para quem vem depois”, explica.
Essa rede pode incluir colegas de trabalho, mentores e grupos de afinidade. Além disso, o suporte também pode vir de familiares e amigos.
Segundo Leal, estar em comunidade fortalece a confiança e impulsiona o crescimento.
Consistência constrói carreiras sólidas
A pressa por resultados pode dificultar o desenvolvimento profissional.
Talita Matos, fundadora da Singuê, ressalta que a consistência e a constância são essenciais para uma trajetória significativa.
“Nossas entregas e as relações que construímos só geram impacto quando são feitas com qualidade e continuidade. O verdadeiro crescimento vem do compromisso com o processo, e não apenas com o resultado final”, afirma.
Ela destaca que a necessidade de sustento muitas vezes leva jovens negros a buscar crescimento rápido.
No entanto, manter o foco na jornada pode tornar a experiência mais enriquecedora e sustentável.
Observar e agir com inteligência
O setor de tecnologia ainda tem baixa representatividade negra.
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), profissionais negros representam apenas 15,1% do setor.
Esse número contrasta com os mais de 55% da população negra no Brasil, segundo o IBGE.
Thiago Pimentel, CTO da Guapeco, destaca a importância da observação e da proatividade no início da carreira.
“No primeiro estágio, o maior desafio não era apenas executar as tarefas, mas entender como a empresa funciona. Tudo é novo e, muitas vezes, não temos noção de como uma startup opera”, conta.
Observar o funcionamento da empresa ajuda na adaptação e na construção de confiança.
Além disso, Pimentel aconselha buscar empresas comprometidas com diversidade.
“Hoje, a maioria das empresas de tecnologia é composta por pessoas brancas. Por isso, é importante procurar ambientes que promovam a diversidade para se sentir seguro e pertencente”, explica.
Ele também reforça a necessidade de um esforço extra para se destacar.
“Muitas pessoas negras vêm de um contexto educacional mais desafiador. Isso exige mais dedicação para alcançar o mesmo nível técnico.
Além disso, para crescer, é fundamental comunicar suas conquistas, buscar apoio e fortalecer conexões dentro da empresa”, conclui.
A experiência desses líderes reforça a importância de estratégias que vão além das habilidades técnicas.
Construir redes de apoio, manter consistência e agir com inteligência são passos fundamentais para crescer no mercado de trabalho.