Uma família feliz. Foto: ilustração

A Dinamarca, frequentemente apontada como um dos países mais felizes do mundo, cultiva uma filosofia de vida que vem ganhando atenção global: o “pyt med det” (ou “não importa” em português). Essa abordagem ensina a aceitar as imperfeições da vida e valorizar os aspectos positivos, mesmo diante das adversidades.

No entanto, um olhar mais atento revela que essa aparente utopia de bem-estar esconde desafios significativos, especialmente entre os jovens.

A essência do “pyt med det” está em minimizar fontes de infelicidade ao invés de perseguir a felicidade de forma obsessiva.

“A ideia é simples: identificar o que traz conforto e alegria, cercar-se dessas coisas e das pessoas que proporcionam bem-estar”, explica o conceito que se tornou marca registrada do estilo de vida dinamarquês. Mas pesquisas mostram que essa filosofia não torna a sociedade imune a problemas psicológicos.

Dinamarca: país nórdico é associado à felicidade. Foto: reprodução

Um relatório de 2018 do Conselho Nórdico de Ministros e do Instituto de Pesquisa da Felicidade revelou dados surpreendentes: 12,3% dos residentes nos países nórdicos enfrentavam dificuldades significativas, porcentagem que saltava para 13,5% entre os jovens.

Michael Birkjaer, um dos autores do estudo, alerta para uma “epidemia de problemas mentais e solidão” que afeta especialmente a juventude desses países.

Os principais obstáculos ao bem-estar na região incluem:
– Sentimentos persistentes de solidão
– Níveis elevados de estresse
– Distúrbios mentais não tratados
– Pressões sociais e expectativas irreais

Esses achados desafiam a imagem idealizada dos países nórdicos como paraísos de felicidade absoluta. “Embora a filosofia de vida dinamarquesa promova a aceitação e o foco nos aspectos positivos, é crucial reconhecer e tratar os problemas subjacentes”, ressalta o estudo.

A experiência dinamarquesa oferece lições valiosas para outras sociedades:
1. O valor de cultivar resiliência emocional
2. A importância de sistemas de apoio social
3. A necessidade de políticas públicas voltadas para saúde mental
4. O equilíbrio entre aceitação e ação diante dos problemas

Enquanto o mundo busca aprender com o “pyt med det”, a Dinamarca nos lembra que o bem-estar verdadeiro requer mais do que filosofias de vida, exige reconhecimento das vulnerabilidades humanas e estruturas de apoio eficazes.

Como conclui o relatório nórdico, “o bem-estar é um conceito complexo que envolve múltiplas dimensões”, e mesmo nas sociedades mais desenvolvidas, a busca pela felicidade plena permanece um trabalho em progresso.

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Last Update: 21/06/2025