Mesmo com tarifas recordes dos EUA, a região ASEAN+3 mostra força e união para resistir a choques econômicos e manter a estabilidade financeira


A região ASEAN+3 – composta pelos 10 países-membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático mais China, Japão e Coreia do Sul – possui fundamentos econômicos sólidos e capacidade política para absorver os impactos das tarifas comerciais impostas pelos EUA. A avaliação foi divulgada na última terça-feira pelo Escritório de Pesquisa Macroeconômica da ASEAN+3 (AMRO), organização que monitora a estabilidade econômica regional.

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Segundo o relatório, 13 das 14 economias do bloco estão sujeitas às maiores alíquotas efetivas anunciadas pelo governo Trump, com média ponderada de 26% (excluída a China). As medidas protecionistas e a instabilidade política devem frear o comércio internacional, desorganizar cadeias produtivas e aumentar a volatilidade nos mercados financeiros, alertou a entidade sediada em Cingapura.

Crescimento em revisão

O AMRO havia projetado expansão acima de 4% para a região em 2024 e 2025, sustentada por demanda doméstica robusta, recuperação de investimentos e inflação controlada. Porém, as tarifas recíprocas introduziram incertezas que podem reduzir o crescimento para menos de 4% este ano e 3,4% em 2026.

Apesar dos desafios, o bloco mantém condições para enfrentar choques externos. “Os governos têm espaço fiscal para apoiar setores vulneráveis e sustentar a demanda interna”, destacou o estudo. Bancos centrais regionais também dispõem de margem para afrouxar políticas monetárias, dada a inflação baixa e estável, além de instrumentos para garantir estabilidade financeira.

Diversificação como blindagem

O relatório enfatiza que a região reduziu significativamente sua dependência do mercado americano – as exportações para os EUA caíram de 24% do total em 2000 para 15% atualmente. “O avanço na integração regional e diversificação comercial reforçará a capacidade de resistir a turbulências globais”, avaliou o AMRO.

As tarifas recíprocas foram instituídas por Trump em 2 de abril, estabelecendo alíquota básica de 10% sobre parceiros comerciais, com taxas adicionais progressivas. As importações chinesas foram inicialmente taxadas em 34%, valor elevado para 145% em 11 de abril.

Perspectivas chinesas

Antes das medidas protecionistas, o AMRO projetava crescimento chinês acima de 4,8% em 2024 e 4,7% em 2025, convergindo para o potencial de 4% até 2030. Apesar dos riscos, a perspectiva de curto prazo permanece positiva, com consumo impulsionado por juros baixos e melhora nas finanças locais. Investimentos em infraestrutura, tecnologia e serviços devem ganhar força, enquanto o setor imobiliário pode encontrar seu piso no primeiro semestre.

Com informações de Yicai*

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Last Update: 21/04/2025