O Congresso se encontra no centro de uma intensa disputa política enquanto a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julga Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Nesta terça-feira (2), veio a público que aliados do ex-presidente conquistaram integrantes do Centrão para pressionar por uma anistia ampla, que poderia livrar Bolsonaro de punições criminais relacionadas à trama golpista. Contudo, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), garantiu que a proposta — que beneficiaria também outros envolvidos nos atos antidemocráticos do 8 de janeiro de 2023 — não será pautada nesta semana.
“Estive com o presidente Hugo Motta e posso antecipar que essa discussão da anistia não vai ser pautada. Vamos ter uma pauta tranquila essa semana“, afirmou Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Câmara, denunciando a manobra bolsonarista.
Segundo Lindbergh, projetos sobre a fome e o INSS estão em foco nesta semana, enquanto o julgamento histórico do STF ocorre. “Estaria havendo uma interferência completamente indevida se tratássemos a anistia agora“, disse o parlamentar.
Ele também criticou movimentações de bolsonaristas, como a visita do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a Bolsonaro, e a articulação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Pra mim isso é um absurdo, porque isso é inconstitucional. Anistia é inconstitucional agora ou depois do julgamento“, acrescentou Lindbergh.

Senado propõe alternativa
No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) se posiciona contra a anistia ampla, mas pretende apresentar um projeto alternativo.
“Eu vou votar o texto alternativo. É isso que eu quero votar no Senado“, declarou à Folha de S.Paulo.
A proposta prevê apenas a diminuição das penas para participantes do 8 de janeiro que não tiveram papel de planejamento ou financiamento. Nenhum condenado seria perdoado, e todos manteriam inelegibilidade.
Esquerda alerta para risco institucional
Parlamentares de esquerda buscam dialogar com líderes do Centrão — União Brasil, PP, Republicanos e PSD — para alertar que aprovar a anistia agora seria um “insulto” ao sistema judicial brasileiro.
Há também contatos informais com ministros do STF, reforçando a necessidade de respeitar o julgamento em curso, que pode culminar em uma condenação inédita de Bolsonaro e outros sete réus.
Eleições de 2026 em jogo
Enquanto o STF julga o ex-presidente, aliados tentam transformar a anistia em instrumento político. O Centrão busca liberar Bolsonaro de punições criminais, mas mantendo sua inelegibilidade, abrindo espaço para a candidatura de Tarcísio de Freitas ao Palácio do Planalto.