Congresso inimigo do povo

As manifestações de domingo capitaneadas por Lindbergh Farias, no Rio de Janeiro, e Guilherme Boulos (foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados) em São Paulo, nasceram com megafone e morreram com eco. A tese Congresso inimigo do povo até tem apelo retórico, mas faltou povo. Sem massa, sobra slogan; sem corpo, vira fantasma. O alvo foi escolhido por conveniência: o Congresso é o vilão perfeito porque não tem rosto único, responde devagar e apanha calado. Só que o truque já é velho. Quando a rua não vem, o discurso vira álibi. Chamar o Parlamento de inimigo serve para terceirizar fracassos e encobrir a aritmética básica da política: governar é negociar, não excomungar.

Demonizar deputados pode render curtidas; não rende votos nem reformas. A democracia não é ringue, é balcão. E quem confunde microfone com maioria, acaba falando sozinho, em praça vazia. Moral da história: sem povo, não há “inimigo do povo”. Há só um grito que volta como boomerang. E dói.

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