A intensificação dos confrontos entre Israel e Irã, com ataques mútuos a infraestruturas energéticas, provocou uma reação imediata nos mercados internacionais de petróleo. O preço do barril do tipo Brent subiu mais de 8%, atingindo cerca de 75 dólares.

O West Texas Intermediate (WTI) foi negociado a 74,60 dólares. O movimento é atribuído ao aumento do risco geopolítico, principalmente pela possibilidade de interrupção do tráfego no Estreito de Ormuz, por onde transita aproximadamente 20% do petróleo e do gás liquefeito exportados no mundo.

Os ataques mais recentes envolveram bombardeios israelenses a um depósito de combustível e a uma refinaria nas proximidades de Teerã.

O Irã respondeu atingindo instalações localizadas em Haifa, no norte de Israel, além de ameaçar campos de gás em território israelense. Autoridades iranianas acusaram o governo de Tel Aviv de violar zonas energéticas sensíveis, incluindo áreas da região de South Pars, considerada uma das maiores reservas de gás natural do mundo.

Embora não tenha ocorrido paralisação completa das operações de extração ou transporte, analistas expressaram preocupação com a possibilidade de danos mais significativos à cadeia de fornecimento. A escalada do conflito levanta incertezas sobre a capacidade de resposta do mercado em caso de uma interrupção duradoura.

Com o aumento da tensão, investidores migraram para ativos considerados mais seguros, como o ouro. Bolsas de valores em diversas partes do mundo registraram quedas, refletindo a aversão ao risco.

A sinalização de parlamentares iranianos sobre um possível bloqueio do Estreito de Ormuz intensificou os temores. Segundo analistas consultados pelo The New York Times, caso a rota marítima seja fechada, o preço do petróleo pode ultrapassar os 100 dólares por barril.

Estimativas do banco JPMorgan indicam que uma elevação abrupta no preço do petróleo pode adicionar até 1,7 ponto percentual à inflação dos Estados Unidos. Esse cenário dificultaria os planos do Federal Reserve de reduzir as taxas de juros ainda em 2025.

A inflação elevada também impactaria economias da Europa e do Reino Unido. Autoridades britânicas alertaram para possíveis ajustes nas políticas fiscais e monetárias em resposta aos efeitos inflacionários do conflito.

A Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, tem ampliado sua produção com o objetivo de conter o avanço dos preços. No entanto, especialistas consideram que o espaço para manobras é restrito, sobretudo se o conflito evoluir para um confronto regional mais amplo. Até o momento, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) não divulgou nenhum posicionamento sobre ajustes na oferta.

No Irã, filas em postos de combustíveis foram registradas após os ataques às refinarias. A destruição parcial de estruturas logísticas já operando com capacidade comprometida agravou a situação. Além do impacto no setor energético, a economia civil iraniana sofre com sanções internacionais e limitações de infraestrutura, dificultando a recuperação.

Na Índia, o governo tenta neutralizar os efeitos da alta nos preços internacionais recorrendo a estoques estratégicos e à política de preços das estatais de refino. Autoridades locais afirmaram que as margens acumuladas anteriormente permitem certa estabilidade no curto prazo. Ainda assim, analistas preveem repasses para os setores de transporte e alimentação nas próximas semanas.

A escalada entre Israel e Irã ocorre num cenário regional já marcado por instabilidade prolongada. Além do risco de expansão do conflito para países vizinhos, o episódio reabre discussões sobre a vulnerabilidade das infraestruturas energéticas globais em contextos de guerra. Especialistas alertam que qualquer dano estrutural nas instalações do Golfo Pérsico poderá ter efeitos duradouros sobre o fornecimento mundial de energia.

Governos de diferentes países apelaram por moderação e por medidas diplomáticas que reduzam as tensões. A continuidade da ofensiva militar levanta a possibilidade de uma nova crise do petróleo. Caso o fluxo pelo Estreito de Ormuz seja interrompido de forma prolongada ou as instalações de extração e refino sejam danificadas de forma permanente, analistas preveem uma fase de alta volatilidade para os mercados globais e novos desafios para a política econômica internacional.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 16/06/2025