
Por Diógenes Rabello/Equipe de Texto da 5ª Feira
Da Página do MST
O desenvolvimento do agronegócio no campo, que se sustenta pela concentração fundiária, contaminação química com uso indiscriminado de agrotóxicos, degradação da mão-de-obra da classe trabalhadora e exploração dos bens comuns da natureza, é o responsável pela potencialização da crise climática.
Eventos climáticos extremos recentes como as queimadas, inundações, secas e calor excessivo, são sintomas anunciados do desequilíbrio ambiental criado no âmbito do desenvolvimento do modo capitalista de produção no campo.

Na contramão desses problemas de destruição da natureza, a agricultura familiar representa a luta por outro paradigma produtivo no campo, associando trabalho com a terra e cuidado com os bens comuns. É neste sentido, que o MST tem trabalhado junto às famílias assentadas e acampadas para fortalecer a agroecologia como forma de desenvolvimento socioprodutivo no campo.
“O que precisamos é dar conteúdo político para a questão ambiental, em uma perspectiva popular, com um debate que esteja voltado para resolver os problemas concretos do nosso povo. Por isso, temos feito essa construção da agroecologia, pois não há possibilidade de pensar soberania alimentar sem formas contra-hegemônicas de produção dos alimentos. Precisamos de um povo brasileiro alimentado, sadio e de nossa natureza cuidada, para nos reorganizarmos como país”, destaca Bárbara Loureiro, da Coordenação Nacional do MST.
Neste sentido, a coordenadora menciona que já existem respostas concretas e não apenas propostas alternativas enquanto soluções e caminhos possíveis.
Nós entendemos que é só com a reforma agrária popular, com a defesa dos territórios indígenas, quilombolas e dos povos camponeses que nós temos condição de enfrentar essa crise ambiental“
Além da perspectiva da conservação dos bens comuns, a agroecologia avança no sentido de aumentar o acesso aos alimentos saudáveis para toda a população. Esse objetivo só tem sido permitido através do acesso democrático à terra, por meio da Reforma Agrária Popular, e pela cooperação, que eleva o nível de consciência política fruto do trabalho de base coletiva. Além disso, soma-se a busca de novas tecnologias agrícolas adequadas ao cenário produtivo da agricultura familiar, ampliando a capacidade produtiva da agroecologia e da agricultura familar.
Esses são alguns dos debates que estão ocorrendo durante a 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, que acontece até o dia 11 de maio, domingo, no Parque da Água Branca, na cidade de São Paulo.
Um dos espaços que irá concentrar a discussão sobre a agroecologia na superação da crise climática é a Conferência “Agroecologia: produzir alimentos e enfrentar a crise climática”, que acontecerá no sábado, dia 10, entre as 10h e as 12h, no Palco Terra.
Iniciando com um ato cultural de abertura pela Orquestra de Sanfona Marinês, a Conferência irá contar com lançamento de livro sobre a questão ambiental, homenagem ao Papa Francisco e seu legado por justiça ambiental e direitos humanos, e debate provocado por João Pedro Stédile (Coordenação Nacional do MST), Márcia Lopes (Ministra das Mulheres) e Carlos Nobre (Painel Científico para a Amazônia – SPA). Além dos conferencistas, também marcarão presença outros ministros, representantes de movimentos sociais, autoridades religiosas e parlamentares.
Confira a programação:
10h: Abertura com a Orquestra de Sanfona Marinês
10h30: Homenagem ao legado do Papa Francisco, com Marcelo Barros (Monge Beneditino e Teólogo)
10h40: Lançamento livro: “Crise ambiental e os negócios do clima uma perspectiva crítica-popular”, com Prof. Dr. Andrei Corneta (IFSP) e Bárbara Loureiro (MST)
11h: Fala de três conferencistas mais um representante do movimento(de 15 a 20 min)
• João Pedro (Coordenação Nacional do MST)
• Marcia Lopes (Ministério das Mulheres)
• Carlos Nobre (Painel Científico para a Amazônia – SPA)
* Editado por Mariana Castro