Uma fugitiva condenada pela Justiça brasileira, que tentou um golpe de Estado em 8 de janeiro, oferece apoio a outros condenados e réus que desejam fugir para a Argentina. Fátima Aparecida Pleti, de 63 anos, aluga uma casa em La Plata, a 56 km de Buenos Aires, onde disponibiliza quartos por R$ 500 a R$ 600 ao mês para golpistas.
“Se tiver alguém do inquérito 49 com risco de voltar pra prisão ou do inquérito 49 22, manda falar comigo que eu ajudo a fazer a travessia com segurança e vim pra cá”, disse Pleti em áudio obtido pelo portal UOL.
O sobrado da fugitiva tem três quartos, sala, cozinha, dois banheiros e uma garagem.
Pelo menos seis brasileiros condenados ou investigados por tentativa de golpe no Brasil moravam no local em junho. Uma bandeira do Brasil, que indicava a presença de brasileiros, não se encontra mais no interior do imóvel.
A brasileira foi condenada pelo STF a 17 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes, mas quebrou a tornozeleira eletrônica em março e fugiu para a Argentina.
A Casa Rosada enviou em junho ao Itamaraty uma lista de 62 brasileiros que fugiram para o país com mandados de prisão em aberto pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
A PF estima haver mais de 180 foragidos espalhados na Argentina, Paraguai e Uruguai.
“Eu poderia estar pensando só em mim. Montei essa casa pensando em outros patriotas”, disse ela a outros envolvidos no 8/1. “A gente está dividindo as despesas”, afirmou à reportagem.
Sob condição de anonimato, um dos integrantes do grupo dela disse que um taxista em Foz do Iguaçu (PR) é acionado para fazer o transporte de foragidos até Puerto Iguazú (Argentina), região da tríplice fronteira, cobrando R$ 130.
Segundo o advogado da condenada, Mariel Marra, que também defende outros condenados e réus do 8 de janeiro, afirma que Fátima ajudou a organizar ônibus para o dia da tentativa de golpe de Estado e agora ajuda fugitivos do crime.
“Eu tenho conhecimento de que ela participou dessa organização [dos ônibus] de modo ativo e ofereceu agora, recentemente, ajuda para outras pessoas para fugirem para a Argentina”, disse. “Essa ajuda era oferecer uma casa, um quarto, um abrigo para essas pessoas que estão fugindo para a Argentina. Naturalmente, esse abrigo não é oferecido de graça. É paga uma quantia”, completou ao UOL.