A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), condenada em maio a 10 anos de prisão e a perda do mandato por invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), anunciou nesta terça-feira 3 que está fora do Brasil.
Em uma live no canal de extrema-direita Auriverde Brasil, no YouTube, Zambelli disse que deixou o país “há alguns dias” e que vai pedir afastamento do cargo, assim como fez o colega Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
“Eu vou me basear na Europa. Eu tenho cidadania europeia, estou muito tranquila em relação a isso. Não é um abandono do país, não é desistir da minha luta, muito pelo contrário. É resistir e poder continuar falando o que eu quero falar”, afirmou, sem deixar claro em que país está.
Zambelli alegou que viajou, inicialmente, para buscar atendimento médico e não deixou claro quanto tempo pretende ficar na Europa.
A CartaCapital, o advogado Daniel Bialski, que representa a parlamentar, escreveu que foi “apenas comunicado” que ela estaria fora do Brasil “para dar continuidade a um tratamento de saúde”.
Durante a entrevista, Zambelli disse que ‘não fugiu’ do país. Porém, minutos mais tarde, afirmou: “Eu poderia ir para a prisão, esperar um tempo, seguir no meu país, e depois me entregar para a Justiça. Mas que Justiça, que Judiciário?”, indagou.
“Eu não vou fazer o discurso de perseguida política. Quero fazer o discurso de pessoa que renasceu aqui fora e que quer lutar para que o país volte a ser o que era antes”, prosseguiu.
Prisão domiciliar
Após a condenação, a defesa da deputada chegou a solicitar prisão domiciliar alegando que ela sofre de depressão, síndrome da taquicardia postural ortostática (que provoca tonturas e aumento da frequência cardíaca) e síndrome de Ehlers-Danlos. Ela disse, recentemente, que “não sobreviveria na prisão”.
Além de Zambelli, o Supremo Tribunal Federal condenou o hacker Walter Delgatti — neste caso, a oito anos e três meses de prisão – por envolvimento na invasão aos sistemas do CNJ.
Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, Delgatti violou indevidamente mecanismos de segurança e invadiu dispositivos informáticos do CNJ sob o comando de Zambelli. A defesa do hacker alega que a parlamentar bolsonarista é a “mentora intelectual” do ataque.
Durante a invasão houve a inserção de documentos falsos, como um mandado de prisão contra Alexandre de Moraes. Zambelli e Delgatti foram a julgamento pelos crimes de falsidade ideológica e invasão a sistemas da Justiça.
Em seu voto, Moraes afirmou ser “completamente absurda a atuação vil de uma deputada federal, que exerce mandato em representação do povo brasileiro, e de um indivíduo com conhecimentos técnicos específicos, que causaram relevantes e duradouros danos à credibilidade das instituições”.