
A condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado deve ter impacto direto também em sua vida financeira. O ex-presidente, que recebe mais de R$ 30 mil mensais do Partido Liberal (PL) como presidente de honra da legenda, pode perder o benefício diante da perda de seus direitos políticos. As informações são de Ancelmo Gois, do jornal O Globo.
De acordo com o advogado Paulo Henrique Teles Fagundes, ouvido pela coluna de Ancelmo Gois, uma vez confirmada a decisão, a filiação de Bolsonaro ao PL será anulada. Com isso, pagamentos vinculados a cargos partidários se tornarão ilegais, já que não poderá mais exercer funções formais dentro da estrutura da sigla.
Bolsonaro foi condenado junto a outros sete réus da chamada trama golpista, entre eles generais e ex-ministros. A Primeira Turma do STF o considerou culpado pelos crimes de golpe de Estado, organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Até agora, a direção do PL não se manifestou oficialmente sobre a situação do ex-presidente. Nos bastidores, aliados avaliam que será difícil sustentar financeiramente Bolsonaro por meio do partido após a sentença, já que a Justiça Eleitoral deve confirmar a suspensão de seus direitos políticos.

O pagamento mensal era visto como uma forma de manter o vínculo do ex-presidente com a legenda e financiar suas atividades políticas fora do poder. Sem esse recurso, Bolsonaro pode ter de buscar outras alternativas para custear sua defesa e manter a estrutura de comunicação que ainda opera em seu entorno.
A eventual suspensão do salário pago pelo PL reforça os efeitos práticos da condenação, que vai além da prisão e da inelegibilidade. O afastamento formal do partido marca uma ruptura política e financeira que pode enfraquecer ainda mais a posição do ex-presidente e de seus aliados no cenário nacional.