Cardeais comparecem à missa do Sexto Novemdiale na Basílica de São Pedro ao lado de outros cardeais, após o funeral de Francisco – Foto: AFP

Nesta quarta-feira (7), começa o conclave, com a presença de 133 cardeais de 70 países. A votação não deve seguir a lógica de um embate direto entre conservadores e progressistas. Especialistas apontam que o grupo mais influente será formado por cardeais de perfil moderado, que buscam manter o equilíbrio da Igreja, sem rupturas. Eles compõem o chamado “centrão” – ala que prefere evitar confrontos ideológicos e aposta na continuidade do trabalho iniciado por Francisco.

Essa ala moderada ganha relevância porque os grupos mais radicais, tanto os que desejam acelerar mudanças quanto os que pedem retrocessos, são minoritários.

Entre os temas que geram debate estão o acolhimento de casais em situações irregulares, a participação das mulheres na Igreja e a abertura ao diálogo com a comunidade LGBTQIA+. Mesmo assim, esses assuntos não devem determinar os votos da maioria, como o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto diz ao G1.

“Os cardeais são pessoas muito independentes: cada um é como um ‘senhor feudal’ dentro da sua diocese”, afirmou.

Ainda segundo especialistas, os cardeais mais prudentes tendem a escolher um candidato que represente estabilidade e espiritualidade, evitando nomes associados a disputas políticas ou à busca de visibilidade – a busca é por alguém capaz de continuar o trabalho de Francisco sem causar divisões internas, a espiritualidade e a capacidade de diálogo são vistas como atributos essenciais, mais do que posturas sobre temas morais específicos.

O papa Francisco – Foto: Reprodução

Vale lembrar que a maioria dos cardeais não se conhece pessoalmente, o que faz com que os discursos durante a assembleia ganhem importância. Será nesses momentos que os candidatos poderão se destacar como líderes aptos a lidar com os desafios atuais da Igreja. “Não é uma votação ideológica. É uma questão de percepção”, afirma Ribeiro Neto.

Outro fator que pesa é a diversidade do colégio eleitoral. Em 2013, os cardeais representavam 48 países. Agora, são 70, com representantes de regiões pouco expressivas em conclaves anteriores, como Laos, Mongólia e Papua-Nova Guiné.

Essa composição mais global influencia na escolha de um papa que tenha autoridade moral em regiões onde a Igreja enfrenta dificuldades. Cardeais africanos, por exemplo, tendem a valorizar líderes com firmeza diante das adversidades cotidianas.

No entanto, apesar de a maioria dos votantes ter sido nomeada por Francisco, isso não significa que todos seguirão sua linha. Muitos dos cardeais já atuavam em cargos importantes antes de sua nomeação. O brasileiro Odilo Scherer, por exemplo, foi nomeado bispo por João Paulo II e se tornou cardeal no pontificado de Bento XVI.

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Last Update: 07/05/2025