
Jeffrey Goldberg, editor-chefe da revista americana The Atlantic, foi incluído acidentalmente em um grupo de conversas do governo do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, e descobriu mensagens ultrassecretas sobre uma operação militar. Ele recebeu, no dia 11 de março, um convite no Signal, aplicativo de mensagens com criptografia.
O grupo continha figuras do alto escalão do governo americano, como o secretário de Estado, Marco Rubio, o secretário de Defesa, Pete Hegseth e o vice-presidente, JD Vance. Ele inicialmente não acreditou que estava vendo mensagens de figuras tão importantes.
“Eu tinha várias dúvidas sobre se esse grupo era real”, afirmou em reportagem do The Atlantic publicada nesta segunda (24). Goldberg só conseguiu confirmar que as mensagens eram verdadeiras após o início dos ataques lançados por porta-aviões americanos sobre líderes houthis, no Iêmen, no último dia 15.
O aplicativo é usado casualmente por pessoas que buscam mais privacidade. O jornalista acreditava que autoridades que cuidam da segurança nacional usassem formas mais seguras de comunicação.

JD. Vance e Pete Hegseth começaram a discutir assuntos sensíveis pelo grupo no dia 14 de março, incluindo um bombardeio ao território do Iêmen. Os Houthis são aliados do Hamas e têm lançado ataques para bloquear rotas marítimas no mar Vermelho, o que causa prejuízos ao porto israelense de Eliat.
“Eu apenas odeio salvar a Europa de novo”, diz o vice-presidente em uma das mensagens. Na sequência, Hegseth concorda e afirma que “compartilha totalmente do seu desprezo pelos aproveitadores europeus”. “É patético”, diz o secretário de Defesa.
As autoridades publicaram diversas informações sobre alvos e detalhes operacionais do ataque. No dia 15, o governo americano iniciou os bombardeios na capital do Iêmen, Sanaa, e no mesmo momento Hegseth apontou o início da operação no grupo.
Goldberg aponta que o Signal não é um canal autorizado do governo americano para compartilhar informações sigilosas e que o Executivo do país tem sistemas próprios para o objetivo. O jornalista também diz que o uso da plataforma pode violar a Lei de Espionagem, de 1917, que pune quem colocar em risco informações sensíveis.
“Eu não conseguia acreditar que a liderança da segurança nacional dos Estados Unidos iria comunicar no Signal sobre planos de guerra iminentes. Eu também não conseguia acreditar que o conselheiro de segurança nacional do presidente seria tão imprudente a ponto de incluir o editor-chefe do ‘The Atlantic’ em tais discussões com altos funcionários dos EUA, incluindo o vice-presidente”, afirmou o jornalista.
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