O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta sexta-feira 30 ao Supremo Tribunal Federal não ter tomado conhecimento de intenções golpistas por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após a eleição de 2022.
Tarcísio presta depoimento à Corte como testemunha de defesa do ex-capitão.
“Jamais [tive conhecimento de intenções golpistas]. Nunca. Assim como nunca tinha acontecido no meu período de ministério”, disse o governador. “Nesse período em que estive com o presidente nessa reta final, nas visitas que eu fiz, ele jamais tocou nesse assunto e não mencionou qualquer tipo de ruptura.”
Ele declarou ainda ter encontrado Bolsonaro “triste e resignado”. Os detalhes da oitiva foram divulgados pela TV Globo. A Primeira Turma do STF ouve nesta sexta-feira testemunhas indicadas exclusivamente pela defesa de Bolsonaro.
Para os investigadores, não foi assim
Bolsonaro é réu por cinco crimes na ação penal do golpe: organização criminosa armada, golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
A Polícia Federal concluiu que o ex-presidente planejou e exerceu um domínio direto sobre os atos de uma organização criminosa que buscava executar um golpe de Estado no Brasil em 2022.
Em relação a Bolsonaro, a PF sustenta que o golpe “não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade”.
A avaliação dos investigadores é que o grupo, sob a liderança do ex-capitão, criou, desenvolveu e disseminou desinformação sobre o sistema eleitoral desde 2019, primeiro ano do governo anterior, a fim de incutir na sociedade a falsa impressão de fraude nas urnas.
Leia a conclusão da Polícia Federal sobre o papel de Bolsonaro na conspiração:
“Os dados descritos corroboram todo o arcabouço probatório, demonstrando que o então presidente da República JAIR BOLSONARO efetivamente planejou, dirigiu e executou, de forma coordenada com os demais integrantes do grupo desde [pelo menos] o ano de 2019, atos concretos que objetivavam a abolição do Estado Democrático de Direito, com a sua permanência no cargo de presidente da República Federativa do Brasil, fato que não se consumou por circunstâncias alheias a sua vontade, dentre as quais, destaca-se a resistência dos comandantes da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro BAPTISTA JUNIOR, e do Exército, General FREIRE GOMES e da maioria do Alto Comando que permaneceram fiéis à defesa do Estado Democrático de Direito, não dando o suporte armado para que o então presidente da República consumasse o golpe de Estado”.