O conteúdo publicado nas principais redes sociais passou por uma transformação nos últimos anos. Plataformas como Instagram, TikTok, YouTube, LinkedIn e Facebook adotaram formatos semelhantes – como vídeos curtos, imagens interativas e conteúdos verticais. Esse movimento, de acordo com Rebeca Duarte, gerente-executiva de Branding e Design da Adtail, está ligado a uma dinâmica cíclica do comportamento digital.
“Cada rede social busca reter o usuário por mais tempo. Quando um formato, como o vídeo curto, apresenta alto engajamento, as outras plataformas adotam a mesma estrutura para não perder relevância”, explica.
Formatos iguais, mensagens parecidas
Com isso, a diferenciação entre conteúdos ficou mais difícil. Mesmo quando o tema é novo, o formato padronizado acaba uniformizando a entrega e tornando publicações intercambiáveis. Duarte destaca que isso impacta diretamente o desempenho das marcas nas redes.
A especialista aponta que o formato escolhido é parte da mensagem. Se todos usam os mesmos elementos visuais, a disputa passa a se concentrar na criatividade e na capacidade de gerar identificação real. Além disso, o custo para se destacar tende a subir, exigindo mais investimento em mídia paga e estratégia.
Como se destacar em meio à repetição
Para contornar esse desafio, Duarte propõe uma abordagem dupla. A primeira é aproveitar a familiaridade com os formatos já consolidados. A segunda é aprofundar o conteúdo, com histórias e experiências genuínas que criem conexão com a comunidade.
Entre as estratégias recomendadas, estão cinco caminhos para personalizar conteúdos mesmo em formatos padronizados:
1. Segmentar profundamente a audiência
Crie conteúdos voltados para grupos específicos. Em vez de tentar falar com todos, fale com menos pessoas, mas com mais profundidade.
2. Utilizar conteúdo gerado pelo usuário (UGC)
Dê visibilidade a consumidores e seguidores que falam da marca espontaneamente. Isso amplia o alcance com linguagem autêntica.
3. Investir em storytelling humanizado
Use rostos reais, bastidores da empresa, trajetórias pessoais. O público responde melhor a histórias que mostram vulnerabilidade e contexto.
4. Trabalhar formatos híbridos
Combine vídeos curtos com conteúdos mais longos e aprofundados. A alternância sustenta o interesse e amplia o repertório da marca.
5. Apostar em micro influenciadores
Busque criadores que se conectem de forma natural com comunidades menores. A linguagem próxima desses perfis tende a gerar mais engajamento.
Personalização varia conforme a rede
Apesar da padronização visual, cada rede social mantém características específicas que influenciam a produção. No LinkedIn, a comunicação é voltada a conteúdo profissional e B2B. Há espaço para narrativas mais densas, dependendo do setor.
No TikTok, conteúdos nichados são bem-vindos e permitem experimentação. Já canais como Reddit, Discord e grupos de transmissão favorecem o engajamento por afinidade. Esses espaços permitem uma personalização maior, com foco em comunidades específicas.
Dados para ampliar originalidade
Outro fator-chave para se diferenciar está na análise de dados. Duarte destaca que a inteligência artificial generativa pode impulsionar o processo criativo – seja ao expandir ideias, buscar referências ou testar diferentes abordagens. No entanto, ela alerta que os dados não devem ser ignorados.
“Mais importante que produzir com repertório pessoal é produzir com base no comportamento real da audiência”, afirma. Ferramentas que ajudam a ler, compilar e interpretar dados em tempo real tornam o processo de criação mais eficiente e adaptado às demandas do público.