Recente matéria publicada no portal Palestine Chronicle denuncia como vários países árabes estão sendo fundamentais para dar sobrevida ao regime sionista.
Embora inúmeros países árabes ajudem o imperialismo e o sionismo contra a libertação do povo palestino, o principal mecanismo através do qual países árabes apoiam “Israel” são os chamados Acordos de Abraão.
Estes são tratados de normalização diplomática firmados entre “Israel” e países árabes nos anos de 2020 e 2021, sob mediação dos Estados Unidos. Atualmente, os países árabes signatários são Barém, Emirados Árabes Unidos, Marrocos e Sudão. A normalização de relações com “Israel” foi feita sem a exigência de um Estado Palestino, uma dupla traição à luta do povo palestino.
Conforme Palestine Chronicle, “os Acordos de Abraão integraram Israel e vários regimes árabes em uma arquitetura econômica e de segurança liderada pelos EUA, ancorando o projeto colonial israelense no cerne da política regional. Apresentados como “acordos de paz”, são, na realidade, acordos utilitários que priorizam o lucro e a geopolítica militarizada em detrimento da justiça e da libertação, garantindo a Israel impunidade quase total.
O portal informa que “durante a campanha genocida em Gaza, o comércio entre os signatários dos acordos e Tel Aviv tenha aumentado 24 %, atingindo US$ 10 bilhões, mesmo com o comércio global de Israel diminuindo 14%”.
Aponta igualmente que os acordos foram uma decorrência do aprofundamento do caráter ditatorial dos regimes em face da Primavera Árabe, que levou a mobilizações revolucionárias por diversos países do Oriente Próximo: “a expansão da normalização reflete o cenário pós-Revolução Árabe, no qual forças contrarrevolucionárias consolidaram seu poder autocrático e regimes alinhados aos EUA priorizaram sua sobrevivência e interesse próprio em detrimento da solidariedade regional e dos direitos palestinos.
Com a revolucionária Operação Dilúvio de al-Aqsa (7 de outubro), na qual o Hamas, liderando a Resistência Palestina, deu início a uma revolução na Palestina, ficou ainda mais claro que esses países são aliados estratégicos de “Israel” e dos EUA, não possuindo nenhum comprometimento com a libertação do povo palestino: “os Emirados Árabes Unidos e outros signatários priorizaram a cooperação estratégica com o regime israelense, mesmo com o genocídio continuando a dizimar os palestinos”, informa Palestine Chronicle.
O portal também aponta que a normalização dos países árabes com “Israel” faz parte da ofensiva do imperialismo contra o Irã, mais recente materializada nos ataques de “Israel” e dos EUA, com apoio do Reino Unido e demais países imperialistas, contra o país persa. O que ocorre em razão do papel revolucionário do Irã na região, como líder do Eixo da Resistência, coalização antiimperialista e antissionista, da qual faz parte também o Hamas, o Hesbolá e o Ansar Alá, do Iêmen, todos partidos revolucionários.
Atualmente, os Estados Unidos e “Israel” tentam incluir nesses acordos a Arábia Saudita, país aliado do imperialismo na região, e também a Síria, desde que um golpe imperialista derrubou o governo de Bashar al-Assad.
No que diz respeito à Síria, pouco antes do golpe bem sucedido contra Bashar al-Assad, o então líder Sírio tentou se aproximar dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita, afastando-se do Irã, na tentativa de evitar a queda do regime, o qual vinha sendo, há mais de uma década, alvo de uma guerra civil impulsionada pelo imperialismo.
O atual regime na Síria é liderado pelo Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), grupo que surgiu de outro grupo que era braço da Al-Qaeda no país. Seu líder (e atual presidente do país) Ahmed al-Shaara, fez parte da Al-Qaeda no Iraque e tinha vínculos com o Estado Islâmico. Por inúmeras vezes, ele declarou que o inimigo da Síria não é “Israel”, mas o Irã e organizações xiitas (isto é, o Eixo da Resistência).
Conforme Palestine Chronicle, “relatórios recentes revelaram reuniões entre autoridades israelenses e sírias que sugerem a possibilidade de normalização”. O portal alerta que “essa abertura diplomática é particularmente alarmante, dada a agenda expansionista abertamente exibida por Israel, que se baseia na fraqueza e dependência da Síria para avançar seu projeto colonialista”.
Outro aspecto que mostra o atual regime Sírio como traidor da luta palestina, assim como os países árabes (em especial aqueles signatários dos Acordos de Abraão), o portal de notícias informa que “as forças de segurança sírias prenderam líderes palestinos e parecem dispostas a desmantelar as principais facções e grupos de resistência”, denunciando que “ao fazer isso, eles efetivamente abandonaram uma causa que, desde a formação da Síria pós-colonial, tinha sido central para a identidade nacional e a segurança do país”.
Fazendo referência a confrontos que vem ocorrendo na Síria desde a queda de Bashar al-Assad, especialmente conflitos recentes entre drusos impulsionados por “Israel” e combatentes beduínos e forças militares do atual regime, Palestine Chronicle denuncia que “autoridades israelenses defenderam publicamente a exploração das fraturas sectárias da Síria como parte de uma estratégia deliberada para fragmentar o país em enclaves sectários semiautônomos”.
No entanto, essa ofensiva do imperialismo e do sionismo na região “levará à fragilidade de longo prazo”, em razão das contradições no seio da política e da sociedade norte-americana, incluindo a diminuição do apoio à “Israel”; do fato de que as populações dos países do Oriente Próximo “continuam a ver Israel como uma entidade colonial estrangeira cujas ambições se estendem muito além da Palestina”, o que aponta para o risco de convulsões internas nesses países árabes que apoiam “Israel”, “especialmente em meio a crescentes crises econômicas e a uma ordem global em transformação que alimenta o descontentamento generalizado”