Forças israelenses invadiram casas de câmbio por toda a Cisjordânia ocupada, utilizando munição real e gás lacrimogêneo durante a incursão na cidade de Nablus, matando ao menos um palestino e ferindo mais de 30.

Moradores relataram que casas de câmbio nas cidades de Ramalá, Nablus, Hebron, Arrabeh, el-Bireh, Belém, Jenin e Tubas foram atacadas nesta terça-feira.

Na cidade de Nablus, no norte do território, soldados israelenses invadiram uma casa de câmbio pertencente à empresa Al-Khaleej e uma loja de ouro, segundo relatos da mídia local. Também lançaram bombas de fumaça no centro de Jenin, enquanto ruas foram fechadas em Tubas e Belém.

O Ministério da Saúde, com sede em Ramalá, informou que um homem foi morto e oito pessoas ficaram feridas por disparos com munição real durante a operação em Nablus.

A Sociedade do Crescente Vermelho Palestino afirmou ter atendido 20 pessoas por inalação de gás lacrimogêneo e três feridas por balas de borracha.

As incursões contra casas de câmbio ocorrem no contexto da intensificação da campanha militar israelense em Gaza, que já matou mais de 54 mil palestinos desde o início da guerra em 7 de outubro de 2023, enquanto dezenas de milhares de pessoas enfrentam fome.

Na terça-feira (27), a Rádio do Exército de Israel afirmou que as incursões ocorreram sob suspeita de que as casas de câmbio apoiavam o “terrorismo”. A emissora também disse que a operação resultou na apreensão de grandes somas de dinheiro supostamente destinadas à “infraestrutura terrorista” na Cisjordânia.

https://x.com/i/status/1927266977292202084

https://x.com/i/status/1927279166992343399

https://x.com/i/status/1740909652127453678

Hamas condena as incursões

O Hamas denunciou as operações israelenses, afirmando que elas “constituem um novo capítulo na guerra aberta da ocupação contra o povo palestino, sua vida, sua economia e todos os fundamentos de sua resistência e perseverança em sua terra”.

“Esses ataques às instituições econômicas, acompanhados do saque de grandes somas de dinheiro e da confiscação de propriedades, são uma extensão das políticas de pirataria adotadas pelo governo de ocupação [israelense]”, declarou o grupo palestino em nota, acrescentando que as empresas alvo das ações “operavam dentro da legalidade”. A organização revolucionária cobrou a Autoridade Palestina para tomar medidas contra os ataques israelenses.

Separadamente, o Movimento dos Mujahidins Palestinos afirmou que as incursões fazem “parte da guerra aberta contra nosso povo, visando sua própria existência e causa”. O grupo também apelou para que a Autoridade Palestina “defenda” os palestinos contra tais ataques e “interrompa sua política de coordenação de segurança” com “Israel”.

A tática nazista

Os ataques israelense na Cisjordânia podem ser comparados a tática nazista. Na noite de 9 para 10 de novembro de 1938, a Alemanha nazista promoveu uma violenta onda de ataques contra a população judaica, em um episódio que entrou para a história como a Kristallnacht, ou “Noite dos Cristais”.

Sinagogas foram incendiadas, lojas e casas saqueadas, cemitérios profanados e dezenas de pessoas brutalmente assassinadas. A cena que amanheceu nas cidades alemãs e austríacas era de ruas cobertas por estilhaços de vidro — os “cristais” das vitrines despedaçadas.

Mais do que uma explosão de ódio, a Noite dos Cristais foi um movimento calculado, incentivado pelo alto escalão do Partido Nazista.

Oficialmente apresentada como uma resposta ao assassinato do diplomata alemão Ernst vom Rath, baleado em Paris por Herschel Grynszpan — um jovem judeu polonês revoltado com a expulsão dos pais da Alemanha —, a ofensiva antijudaica já estava preparada. A morte de Rath foi o pretexto que o regime precisava.

Joseph Goebbels, ministro da propaganda, deu o sinal durante uma celebração do Partido Nazista em Munique. Em um discurso inflamado, atribuiu ao “judaísmo mundial” a responsabilidade pelo crime e declarou que, se manifestações surgissem “espontaneamente”, o partido não as impediria. Era a senha. A polícia foi instruída a não intervir. Os bombeiros foram orientados a deixar sinagogas queimarem. A repressão ganhou o verniz da espontaneidade, mas operou com a conivência e o estímulo do Estado nazista.

Estima-se que mais de 7.500 lojas e 520 sinagogas foram destruídas, e cerca de 30 mil judeus foram enviados a campos de concentração. A Noite dos Cristais marcou o início da etapa mais brutal da política nazista: a transição da exclusão legal para a violência física em massa.

As semelhança do que ocorre hoje na Cisjordânia com a tática nazista de ataque a população não é uma mera coincidência.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 29/05/2025