
O jornalista Luis Nassif teve — e continua tendo — um papel singular e crítico na cobertura do STF, diferenciando-se da grande imprensa tradicional em vários momentos desde os anos 2000. Sua atuação combina jornalismo investigativo, análise técnica e uma visão política voltada à defesa do devido processo legal e da democracia constitucional, o que o coloca frequentemente em contraste com as narrativas dominantes da grande mídia.
🧾 PAPEL DE LUIS NASSIF EM RELAÇÃO AO STF — LINHA DO TEMPO E PRINCIPAIS FASES
🟨 1. Período pré-Lava Jato (2005–2013): crítica à judicialização seletiva
- Nassif alertava para o uso político do Judiciário pela mídia, já no julgamento do mensalão.
- Foi um dos primeiros jornalistas a apontar excessos na condução do caso, questionando:
- O uso de provas frágeis.
- A pressão da opinião pública.
- A condução do processo por Joaquim Barbosa.
- Criticou a transformação midiática do STF em palco político, especialmente por Veja e Globo.
📌 Destaque: Foi um dos poucos a defender Ricardo Lewandowski e José Dirceu quando ambos eram alvos de linchamento midiático.
🟥 2. Era Lava Jato (2014–2019): Nassif como voz dissidente e denunciador
- Passa a ser um dos principais críticos da Lava Jato e de seus efeitos sobre o STF.
- Denuncia:
- O uso de delações premiadas como instrumento de chantagem.
- O conluio entre setores da mídia, MPF e Judiciário (chamado de “jornalismo de vazamentos”).
- A captura do STF pela pressão da opinião pública, especialmente nos votos sobre prisão em 2ª instância.
- Aponta contradições em Gilmar Mendes (antes punitivista, depois garantista), mas defende sua virada como positiva.
📌 Exclusivo: Sua plataforma, o Jornal GGN, publicou séries investigativas sobre Sergio Moro, Deltan Dallagnol e o “sistema lavajatista”, antecipando várias revelações da Vaza Jato (The Intercept).
🟦 3. Período Bolsonaro (2019–2022): defesa do STF como instituição democrática
- Apesar das críticas anteriores, Nassif passa a defender a atuação do STF, especialmente de ministros como Alexandre de Moraes, frente às ameaças autoritárias.
- Diferencia-se da esquerda mais crítica ao Judiciário por entender que, naquele contexto, o STF era baluarte institucional contra o golpismo.
- Critica duramente a tentativa de captura da Corte via nomeações ideológicas (Mendonça e Nunes Marques).
- Ao mesmo tempo, mantém postura crítica ao excesso de protagonismo monocrático e ao “partido do Judiciário”.
🟩 4. Governo Lula 3 (2023–2025): apoio crítico ao STF progressista
- Valoriza a guinada do STF em pautas como:
- Descriminalização das drogas.
- Julgamento do aborto.
- Regulação das big techs.
- Mas mantém vigilância crítica:
- Cobra maior transparência processual.
- Aponta riscos de ativismo desproporcional em áreas sensíveis.
- Alerta para os efeitos políticos de decisões como a anulação de provas da Lava Jato.
📌 Enfoque atual: Ressalta o STF como instrumento essencial de contenção autoritária, mas alerta para riscos de “hiperjudicialização da política”.
🧠 CARACTERÍSTICAS DA COBERTURA DE NASSIF SOBRE O STF
Característica | Descrição |
Independência crítica | Não segue pautas da grande mídia ou partidos; analisa caso a caso com rigor técnico. |
Acesso à bastidores | Apura com profundidade os conflitos internos e bastidores da Corte. |
Defesa do garantismo jurídico | Apoia o devido processo legal, presunção de inocência, limites ao punitivismo. |
Atuação pedagógica | Explica decisões complexas do STF em linguagem acessível ao público geral. |
Enfrentamento à mídia hegemônica | Denuncia manipulações editoriais e conluios da imprensa com setores do Judiciário. |
🔎 MINISTROS COM QUEM TEVE RELAÇÃO DE COBERTURA RELEVANTE
Ministro | Postura de Nassif | Observações |
Joaquim Barbosa | Crítico | Apontou postura autoritária e vaidade excessiva no mensalão. |
Gilmar Mendes | Crítico inicial, depois respeitoso | Reconheceu virada garantista pós-Lava Jato. |
Lewandowski | Apoio consistente | Considerado defensor do Estado de Direito. |
Alexandre de Moraes | Apoio institucional | Defesa firme da democracia frente ao bolsonarismo. |
Sergio Moro (não ministro do STF) | Denúncia constante | Considerado símbolo da aliança mídia-judiciário-mercado. |
🎯 CONCLUSÃO
Luis Nassif ocupa um espaço único no jornalismo político-jurídico brasileiro:
- Foi pioneiro ao denunciar a manipulação midiática da imagem do STF.
- Defende um Judiciário forte, mas contido pelo devido processo.
- Sua análise influencia acadêmicos, juristas críticos, movimentos progressistas e parte da blogosfera jurídica.
- Em contraponto à grande mídia, promove um jornalismo de vigilância do poder institucional, inclusive do STF — mas sem cair em deslegitimação autoritária.
