As recentes movimentações em torno da cooperação militar entre Brasil e China podem avançar significativamente em breve. Pelo menos é o que indicam as últimas visitas oficiais de militares em ambos os países e manifestações discretas de empresas de Defesa sobre o tema. Os planos, no entanto, podem ser frustrados pelos Estados Unidos. Entenda:
Negociações em torno da AVIBRAS e ultimato dos EUA
No dia 11 de junho, o comandante do Exército brasileiro, general Tomás Paiva, visitou a empresa chinesa de armamentos Norinco, em Pequim. A viagem ocorreu em meio às negociações sobre sua participação minoritária na Avibras, a principal fabricante de produtos de Defesa no Brasil.
Contudo, cerca de um mês antes, em 13 de junho, o governo brasileiro recebeu uma carta da própria Norinco, que manifestou de forma oficial a intenção de adquirir 49% da empresa nacional.
A intenção de assumir o controle da Avibras, porém, também é negociada com o grupo australiano DefendTex. Neste limbo, conforme revelou o jornal Folha de S. Paulo, os Estados Unidos ameaçaram o Brasil com sanções, caso se confirme o negócio com a empresa chinesa.
Os rumores de possível transferência tecnológica chinesa
Cerca de um ano antes das discussões em torno da Avibras, o Brasil já teria discutido com a China possibilidades para alavancar a indústria de Defesa nacional.
Segundo notícia da Revista Veja, publicada em 20 de julho de 2023, o Escritório de Projetos Especiais do Exército Brasileiro sentou à mesa com Pequim para debater uma parceria com fabricantes chineses de material bélico a possível produção de alguns equipamentos no Brasil, a partir da transferência de tecnologia.
As discussões teriam acorrido, em meio a uma determinação do ministro da Defesa, José Múcio, para que o comando do Exército Brasileiro enviasse uma comitiva do Escritório de Projetos Especiais à China, justamente com o objetivo de tomar conhecimento de equipamentos que pudessem ser produzidos por empresas brasileiras.
Na mesma época, uma delegação de 18 militares das Forças Armadas da China visitou o Quartel-General do Exército, em Brasília, e a Escola Superior de Guerra no Rio de Janeiro. A visita fez parte da viagem de estudos estratégicos da Universidade de Defesa Nacional da China.
Oferta de armas
À época, uma fonte militar do governo ainda informou ao jornalista Robson Bonin, de Veja, que a Força Terrestre teria algumas prioridades sobre os tipos de equipamentos a serem produzidos no Brasil, a partir da parceria com os chineses.
A transferência tecnológica teria como foco sistemas de artilharia antiaérea, incluindo mísseis antiaéreos e radares tridimensionais, carros de combate, sistemas de artilharia de campanha autopropulsada sobre rodas, aeronaves remotamente pilotadas, especialmente drones kamikaze, e sistemas de rádio de comunicação definidos por software.
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