O empresário Elon Musk, dono da rede X, da Starlink e atual chefe do Departamento de Eficiência Governamental do governo Donald Trump, vem acumulando polêmicas pelo estreitamento da sua relação com a extrema-direita mundial.
Nesta semana, o bilionário fez um gesto comparado à saudação nazista, do qual foi criticado por autoridades de vários países e se defendeu. Neste final de semana, ele participou, por videoconferência, de um ato de apoio ao partido AfD, da extrema-direita da Alemanha.
No evento, Musk disse que “é bom ter orgulho de ser alemão”. “Lutem por um futuro brilhante para a Alemanha”, declarou Musk aos mais de 4 mil apoiadores da AfD que se reuniram na Feira de Halle.
Ele elogiou a “nação alemã” e destacou que o imperador romando Júlio Cesar já tinha demonstrado, durante sua passagem pelo poder na Roma Antiga, ter ficado “impressionado com a vontade de combate das tribos germânicas”.
A AfD participa da disputa nas eleições legislativas na Alemanha, que vão acontecer no próximo dia 23 de fevereiro. A sigla, abertamente contrária à presença de imigrantes no país, está em segundo lugar nas pesquisas, com cerca de 20% das intenções de voto, ficando atrás da coalizão CDU/CSU, de espectro conservador, que tem 30%.
Se acercando do jogo político da principal economia da Europa, Musk fez crítica ao atual primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, a quem chamou de “louco” e “imbecil incompetente”.
Scholz, por sua vez, reagiu ao gesto explícito feito pelo empresário. Ao comentar o caso, o chanceler alemão destacou que “todo mundo pode dizer o que quiser, mesmo que seja uma bilionário”. “O que não aceitamos é se ele estiver apoiando posições de extrema-direita”, afirmou.
A ascensão da extrema-direita no contexto político atual é uma realidade em democracias ocidentais onde, até pouco tempo, o fenômeno não tinha força. A volta de Trump ao poder nos EUA e o governo Javier Milei, da Argentina, são dois exemplos disso.
A questão, porém, é especialmente sensível na Alemanha. Na primeira metade do século XX, o país experimentou a força da doutrina do líder nazista Adolf Hitler, que foi responsável pela perseguição histórica a judeus e diversas minorias. Desde então, o país se tornou exemplo de construção da uma memória voltada a impedir o crescimento da extrema-direita local.
A AfD, por sua vez, vem ganhando apelo popular e gerando preocupação à institucionalidade alemã. O partido defende abertamente o fechamento de fronteiras e é contrário ao apoio da Europa à Ucrânia, no contexto da guerra contra a Rússia.
(Com informações da AFP)