Hoje no STF, Flávio Dino era ministro da Justiça durante o 8/1. Foto: reprodução

O general da reserva Luís Carlos, preso e indiciado no inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado, é acusado de criar narrativas para responsabilizar o então ministro da Justiça, Flávio Dino, pelos ataques de 8 de janeiro de 2023. Naquele dia, manifestantes radicais invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes, em Brasília.

Segundo o relatório final da PF, anotações encontradas em cadernos apreendidos com Luís Carlos revelam sua intenção de atribuir a Dino, atualmente ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), a omissão na contenção dos atos golpistas. A documentação também menciona siglas como “FD” (Flávio Dino) e “L” (presidente Luís), além de conexões com o senador Marcos do Val, sugerindo articulações para atacar o ministro Alexandre de Moraes.

“Nos materiais físicos apreendidos em poder de Luís Carlos foram identificadas anotações que demonstram a atuação do investigado para criar narrativa com a finalidade de tentar atribuir ao então ministro da Justiça, Flávio Dino, a responsabilidade por omissão da tentativa de golpe de Estado realizada no dia 08 de janeiro de 2023”, disse a PF.

A investigação ainda observa que “chama a atenção algumas anotações que evidenciam que o grupo criminoso, por meio do referido Senador, tinha a intenção de praticar atos para atacar o ministro Alexandre de Moraes. O documento ainda descreve a expressão ‘FD’, possivelmente fazendo referência ao então Ministro da Justiça Flávio Dino, e a letra ‘L’, como associada, possivelmente, ao presidente Luís

A investigação da PF também aponta Luís Carlos como responsável pela “Operação Punhal Verde e Amarelo”, um plano que incluía o assassinato do presidente Luís, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. Esse esquema fazia parte de uma articulação maior para reverter o resultado das eleições de 2022.

General da reserva Luís Carlos. Foto: Isac Nóbrega/PR

Quem é Luís Carlos

Natural de Brasília, Luís Carlos iniciou sua carreira militar em 1983 na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), chegando ao posto de general de brigada em 2016. Entre 2018 e 2020, chefiou o Comando de Operações Especiais, unidade do Exército conhecida pela formação de tropas de elite.

Descrito pela PF como “um dos militares mais radicais”, Luís Carlos teve papel de liderança nos acampamentos golpistas montados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. Ele é acusado de fornecer suporte financeiro e material aos manifestantes, além de repassar informações privilegiadas do governo.

Mensagens obtidas pela PF mostram que Luís Carlos coordenava ações diretas nos acampamentos e incentivava manifestações antidemocráticas. “Ele era o ponto focal do governo de Jair Bolsonaro com os manifestantes golpistas”, aponta o relatório.

Após passar para a reserva, em 2020, Luís Carlos assumiu cargos no governo Bolsonaro, atuando como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e ministro interino. Essa posição o colocou no núcleo central de articulações golpistas, segundo a investigação.

Com o indiciamento, o general Luís Carlos aguarda a análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se apresentará denúncia contra ele. O inquérito já foi enviado para Paulo Gonet e tirado do sigilo pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. O caso se soma ao conjunto de provas sobre os esforços coordenados para desestabilizar a democracia no Brasil.

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Last Update: 26/11/2024