
Há exatamente um ano, em 17 de agosto de 2024, o Brasil perdia Silvio Santos, um dos maiores nomes da televisão e do empreendedorismo nacional. Nascido Senor Abravanel, ele faleceu aos 93 anos, vítima de broncopneumonia, deixando não apenas um legado cultural, mas também uma herança estimada em R$ 6,4 bilhões, alvo de complexas disputas judiciais.
Apesar de ter deixado um testamento detalhado para evitar conflitos entre as herdeiras, a partilha de bens tem sido marcada por questões tributárias, contas no exterior e divergências com o fisco paulista. O caso pode definir precedentes importantes sobre a tributação de heranças internacionais no Brasil.
Antes de morrer, Silvio Santos organizou a divisão de seus bens entre as seis filhas (Cintia, Silvia, Renata, Rebeca, Patrícia e Daniela) e a esposa, Íris Abravanel. Cada uma delas teria direito a uma parte equivalente, com estimativas indicando que cada herdeira recebeu ao menos R$ 100 milhões em bens e ativos, segundo reportagem da Record TV.

Duas de suas filhas já assumiram papéis estratégicos no império do SBT: Patrícia Abravanel apresenta o “Programa Silvio Santos”, enquanto Daniela Beyruti ocupa o cargo de vice-presidente da emissora. O grupo empresarial do apresentador também inclui participações em setores como cosméticos, turismo, varejo e financeiro.
Um dos principais focos de tensão envolve R$ 429,9 milhões depositados em instituições financeiras nas Bahamas, vinculados à empresa Daparris Corp Ltd, da qual Silvio Santos era o principal acionista. Para resgatar esses recursos, as herdeiras foram cobradas em R$ 17 milhões pelo governo de São Paulo a título de ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação).
Elas contestaram a cobrança na Justiça, argumentando que os valores estão no exterior e, portanto, não deveriam ser tributados pelo estado. Em janeiro de 2025, uma decisão judicial permitiu o desbloqueio dos recursos sem a exigência de pagamento imediato, mas o caso ainda deve se prolongar, podendo influenciar futuras disputas sobre heranças internacionais.
Além da questão das Bahamas, as herdeiras também questionam um recálculo feito pela Secretaria da Fazenda de São Paulo, que aumentou em R$ 47 milhões o valor dos tributos sobre cinco empresas do espólio. O processo corre em segredo de Justiça desde março de 2025.
Outro ponto sensível foi o pagamento de uma dívida de R$ 10 milhões contraída por Silvio Santos em vida, em 2023. As herdeiras optaram por quitar o valor como parte da regularização do inventário, evitando novos entraves jurídicos.