Uma nova pesquisa revela que o nome de Guilherme Boulos (PSOL) ganhou impulso à Prefeitura de São Paulo com a fragmentação da direita. Após o anúncio de Pablo Marçal como candidato pelo PRTB, os eleitores bolsonaristas se dividiram entre ele e Ricardo Nunes (MDB).
Essa movimentação na direita permitiu a Boulos reforçar a associação do prefeito com Bolsonaro, rejeitado por 61% dos eleitores. O coach Marçal, com forte presença nas redes sociais, atraiu a atenção dos apoiadores de Bolsonaro, complicando a situação de Nunes.
Zero à esquerda, lançado por Temer como um mal necessário em 2020, Ricardo Nunes não teve chance de debater sobre seu próprio vice, tendo de engolir um ex-Rota que defende que a abordagem policial nos Jardins é diferente daquela que precisa ser feita na periferia.
No seu encalço, o prefeito tem Pablo Marçal, o coach da montanha, um espertalhão que topa qualquer coisa por dinheiro.
Além de Marçal para dividir os salões dos apartamentos caros, o prefeito ainda encontra a figura do apresentador José Luiz Datena, que conversa magnificamente bem com esse mesmo pessoal.
Bom para o candidato apoiado pelo presidente Lula. Além de ser dos Jardins e se dar muitíssimo bem na região, mora e transita nos bairros de periferia como um local.
No staff do Palácio Anhangabaú a palavra de ordem é silêncio. Não é hora de falar, e sim de ouvir.
Publicamente, aliados do prefeito negam qualquer desconforto, mas a necessidade de alinhar-se a Bolsonaro é evidente, considerando os repetidos acenos dele e a indicação do coronel Ricardo Mello Araújo (PL) para ser seu vice.
O apresentador de TV lançou sua pré-candidatura com críticas a Nunes, especialmente sobre a infiltração do crime organizado na administração municipal, em referência a denúncias de que o PCC tenha participado de verbas públicas, principalmente na área do transporte público.
Apoiado por Lula (PT), Boulos pode se beneficiar da divisão na direita. Ele está empatado com Nunes nas pesquisas mais recentes, ambos com cerca de 24% das intenções de voto, mas enfrenta a maior rejeição (32%). Auxiliares do deputado federal contestam a ideia de estagnação na campanha, destacando sua competitividade mesmo diante de um adversário no cargo com recursos substanciais e apoio de 12 partidos.
O recente anúncio de Mello Araújo como vice de Nunes foi comemorado pelo consórcio PSOL-PT, pois fortalece a narrativa de que Nunes é o candidato de Bolsonaro. Boulos declarou que “a escolha de Mello Araújo deixa claro que é Jair Bolsonaro quem vai mandar na cidade caso o prefeito seja reeleito”. Ele argumenta que o nome do policial foi imposto a Nunes.
Enquanto Nunes tenta se posicionar como um político de centro, Boulos, consolidado como o candidato da esquerda, enfrenta ataques intensos, especialmente de Marçal, que declarou ter entrado na disputa para derrubar Boulos. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, reforçou essa posição, afirmando que “Boulos é o único inimigo a ser combatido em São Paulo”. Segundo Valdemar, eleger Nunes é uma questão de “vida ou morte”.
Veja as intenções de voto:
- Guilherme Boulos (PSOL) 24%
- Ricardo Nunes (MDB) 23%
- José Luiz Datena (PSDB) 8%
- Tabata Amaral (PSB) 8%
- Pablo Marçal (PRTB) 7%
- Marina Helena (Novo) 4%
- Kim Kataguiri (União Brasil) 4%
- João Pimenta (PCO) 1%
- Ricardo Senese (UP) 1%
- Fernando Fantauzzi (DC) 1%
- Altino (PSTU) 1%
- Em branco/nulo/nenhum 13%
- Não sabem 5%
A pesquisa Datafolha entrevistou 1.902 moradores de São Paulo com mais de 16 anos entre os dias 27 e 28 de maio. Os resultados de Boulos e Nunes, na liderança, é considerado empate pela margem de erro, que é de três pontos percentuais para mais ou para menos.