A Síria tornou-se um palco importante para a ação do imperialismo no Oriente Médio, com conflitos regionais marcados por interferências do sionismo, roubo de terra e bombardeio dos Estados Unidos. Na última semana, na derrubada do governo de Al-Assad, não foi diferente. Dentre os principais atores externos envolvidos, destacam-se a Agência de Inteligência dos Estados Unidos e o Serviço Secreto de “Israel”. A partir de 2011, com o início da guerra civil na Síria, ambos os órgãos desempenharam um papel central nas tentativas de desestabilizar o governo de Al-Assad, utilizando métodos que incluíram financiamento de grupos armados, operações de desinformação e cooperação com aliados regionais, quando não bombardeio direto e invasão militar.

Antes do início do conflito em 2011, a Síria era liderada por Al-Assad, que sucedeu seu pai, Al-Assad, no poder em 2000. O país era um dos poucos no Oriente Médio a manter uma postura abertamente anti-imperialista, destacando os Estados Unidos e “Israel” como os inimigos que são, além de ser um aliado estratégico do Irã e da Organização Hesbolá, o “Partido de Deus” do Líbano. Essa posição fez da Síria um alvo prioritário nas agendas de Washington e Telavive.

Com a eclosão dos protestos da Primavera Árabe, em 2011, a Agência de Inteligência dos Estados Unidos e o Serviço Secreto de “Israel” identificaram uma oportunidade para enfraquecer Al-Assad e redesenhar o mapa político da região em favor de seus interesses. A partir desse ponto, os Estados Unidos e “Israel” intensificaram suas atividades na Síria, buscando fortalecer grupos rebeldes e desestabilizar o regime.

Desde o início do conflito, a Agência de Inteligência dos Estados Unidos implementou programas secretos para armar e treinar combatentes rebeldes contrários ao governo de Al-Assad. Em 2013, foi lançada a operação Timber Sycamore, que envolveu o envio de armas e recursos financeiros a grupos armados. Segundo documentos revelados posteriormente, esses grupos incluíam tanto facções moderadas, aos olhos do imperialismo, quanto extremistas, como a Frente al-Nusra, então filiada à Al-Qaeda.

O programa da Agência de Inteligência dos Estados Unidos também contou com a colaboração de países aliados, como Arábia Saudita, Catar e Turquia, que facilitaram o fluxo de armas através de suas fronteiras. No entanto, grande parte desse armamento também eram destinados para grupos que agiam como uma milícia armada do imperialismo, como o Estado Islâmico, grupo terrorista que chegou a declarar guerra ao Hamas.

Enquanto a Agência de Inteligência dos Estados Unidos priorizava o financiamento e o treinamento de mercenários, o Serviço Secreto de “Israel” concentrou seus esforços em operações de inteligência e sabotagem. A entidade sionista realizou ataques aéreos contra posições militares na Síria, visando enfraquecer tanto as forças governamentais quanto seus aliados, especialmente a Organização Hesbolá.

Além disso, o Serviço Secreto de “Israel” desempenhou um papel crucial na coleta de informações sobre as defesas do Exército Sírio e na desestabilização interna do regime. Documentos vazados indicam que o serviço secreto israelense buscava promover dissensões entre as lideranças sírias, fomentando deserções de militares de alto escalão. Essa colaboração foi facilitada pelo compartilhamento de informações de inteligência e pelo apoio de aliados comuns, como as monarquias do Golfo. Além disso, os interesses dos dois órgãos convergiam em pontos fundamentais: enfraquecer o eixo formado por Síria, Irã e Hesbolá e assegurar a influência de Washington e Telavive na região.

As ações da Agência de Inteligência dos Estados Unidos e do Serviço Secreto de “Israel”, combinadas às intervenções de outros países imperialistas, tiveram consequências devastadoras para a Síria. Mais de 500 mil pessoas morreram desde o início do conflito, e cerca de 13 milhões foram deslocadas de suas casas. Além disso, o apoio a grupos chamados de rebeldes contribuiu para a destruição de infraestrutura e para a fragmentação do país.

Apesar dos esforços da Agência de Inteligência dos Estados Unidos e do Serviço Secreto de “Israel”, o governo de Al-Assad conseguiu se manter no poder, em grande parte devido ao apoio de aliados como a Rússia e o Irã, até dezembro de 2024. A intervenção militar russa, iniciada em 2015, foi um divisor de águas no conflito, permitindo que as forças governamentais recuperassem territórios importantes e enfraquecessem os grupos rebeldes financiados e treinados pelo imperialismo.

O envolvimento da Agência de Inteligência dos Estados Unidos e do Serviço Secreto de “Israel” na tentativa de derrubar Al-Assad é um exemplo claro de como o imperialismo interfere e interferirá em conflitos regionais para promover seus interesses estratégicos. Essa intervenção, longe de trazer estabilidade à região, resulta em uma crise humanitária sem precedentes, cujo impacto será sentido por décadas.

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Last Update: 15/12/2024