O Comitê Independente contratado pela Americanas para investigar as fraudes na varejista apresentou ao Conselho de Administração o resultado das investigações que confirmaram fraude contábil nos resultados da empresa.

Os integrantes do comitê analisaram cerca de 1,2 milhões de documentos, realizaram mais de 250 entrevistas com funcionários, ex-funcionários e pessoas próximas à empresa, além de processar 74 terabytes de dados.

Segundo Fato Relevante publicado, “as evidências apresentadas pelo Comitê confirmam a existência de fraude contábil, caracterizada principalmente por lançamentos indevidos na conta fornecedores, por meio de contratos fictícios de VPC e por operações financeiras conhecidas como ‘risco sacado’, dentre outras operações fraudulentas e incorretamente refletidas no balanço da companhia”.

O relatório ainda afirma que os responsáveis por orquestrar ou comandar as fraudes identificadas não mais integram os quadros da companhia. Em comunicado anterior, os assessores jurídicos da empresa responsabilizavam diretores da empresa pela fraude.

Segundo a investigação, o resultado da empresa foi inflado em 25,3 bilhões de reais ao longo do tempo. Além disso, a dívida financeira bruta foi reduzida artificialmente em 20,6 bilhões de reais.

O material apurado pelo Comitê será entregue ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e à Comissão de Valores Mobiliários, que investigam as fraudes nas esferas criminais e administrativas.

Em um primeiro comunicado ao mercado, a empresa disse ter encontrado “inconsistências contábeis” na ordem de 25 bilhões de reais em seus balanços.

O rombo foi revelado pelo então diretor executivo, Sérgio Rial, que havia acabado de assumir o comando da empresa – ele deixaria o cargo menos de duas semanas depois.

Alguns dias mais tarde a empresa entrou em recuperação judicial, com mais de 40 bilhões de reais em dívidas. O valor representa a quarta maior recuperação da história do Brasil.

No fim de junho, a Polícia Federal deflagrou uma operação contra os ex-diretores das Americanas. Os empresários são acusados de fraudes contábeis de risco sacado.

A prática consiste em uma operação na qual a empresa consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto aos bancos.

A investigação também apura a contabilização pelas Americanas de contratos falsos, criados para melhorar o resultado da empresa.

Há ainda suspeita de prática do crime de manipulação de mercado. O grupo também teria feito uso de informação privilegiada da varejista, com indícios de associação criminosa e lavagem de dinheiro.

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Última Atualização: 17/07/2024