Trump enfrenta resistência no Comitê do Nobel da Paz e vê chances de premiação diminuírem
O desejo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de conquistar o Prêmio Nobel da Paz encontra cada vez mais barreiras. Segundo reportagem publicada pelo Washington Post nesta segunda-feira (25 de agosto), ao menos três dos cinco integrantes do Comitê Norueguês do Nobel já se posicionaram publicamente contra o nome de Trump, o que compromete de forma significativa qualquer possibilidade de vitória.
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O presidente do colegiado, Jorgen Watne Frydnes, chegou a apontar, em dezembro, preocupações com a postura do líder americano em relação à imprensa, classificando seus constantes ataques verbais a jornalistas e veículos de comunicação como parte de uma “erosão da liberdade de expressão mesmo em nações democráticas”.
Outra integrante do comitê, a ex-ministra da Educação da Noruega, Kristin Clemet, escreveu em maio que Trump estava “bem encaminhado para desmantelar a democracia americana” após apenas cem dias no cargo. Já a conselheira Gry Larsen foi ainda mais dura: em 2017, afirmou que o republicano estava “colocando milhões de vidas em risco” ao cortar recursos destinados à ajuda internacional. Na mesma ocasião, ironizou o slogan de campanha de Trump, usando um boné com os dizeres: “Make Human Rights Great Again” (Torne os direitos humanos grandes novamente).
Entre os demais membros, o pesquisador Asle Toje e um colega cujo nome não foi revelado não demonstraram oposição direta. Toje, inclusive, chegou a escrever de forma simpática sobre as batalhas jurídicas enfrentadas por Trump durante o governo Biden, sinalizando que poderia, em algum momento, considerar apoio. Ainda assim, o peso da maioria segue desfavorável ao presidente americano.
Reconhecimento da resistência
Ciente das críticas, o próprio Trump admitiu as dificuldades em conquistar o prêmio. “Muitas pessoas dizem… não importa o que eu faça, eles não vão desistir, e eu não estou fazendo política para isso”, declarou neste mês ao assinar um acordo de paz entre a Armênia e o Azerbaijão.
Na sua visão, a atuação na mediação de conflitos, incluindo a guerra na Ucrânia, reforçaria seus méritos. O republicano tem insistido que seus contatos diretos com o presidente russo, Vladimir Putin, poderiam abrir espaço para negociações viáveis, posição que alguns diplomatas ocidentais consideram plausível diante da influência de Moscou sobre o conflito.
Contexto internacional
Apesar dos apelos de Trump, o Comitê Nobel anunciou o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, como indicado ao Prêmio da Paz de 2025, em reconhecimento aos esforços de mediação no conflito em Gaza.
Trump, por sua vez, manteve um discurso duro sobre o Oriente Médio. Recentemente, afirmou que os reféns israelenses só seriam libertados após o Hamas ser “destruído”, manifestando apoio explícito à operação militar de Israel para tomar a Cidade de Gaza. Em declarações anteriores, chegou a propor que Washington assumisse o controle da Faixa de Gaza e deslocasse sua população, transformando a região em uma espécie de “Riviera do Oriente Médio” — sugestão amplamente condenada pela comunidade internacional por violar o direito internacional.
Aliados em defesa
Mesmo sob críticas, Trump conta com o respaldo de alguns líderes estrangeiros. O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, questionou: “Quem, se não o presidente Trump, merece o Prêmio Nobel da Paz?”. O primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, também saiu em defesa do americano e chegou a brincar sobre dividir a primeira fila em uma futura cerimônia de premiação.
Obstáculos internos
Apesar desse apoio externo, o maior desafio de Trump continua sendo a percepção dentro da própria Noruega. Pesquisas de opinião apontam que a esmagadora maioria da população se opõe à concessão do prêmio ao republicano. E com três membros do comitê já manifestando críticas contundentes, suas chances de alcançar o Nobel da Paz parecem, por ora, bastante reduzidas.