Os organizadores das Olimpíadas de Paris desqualificaram a atleta Yara, de 21 anos, que competia pela equipe de refugiados em breaking. Na sexta-feira (9), antes de seu primeiro duelo contra um atleta da Holanda, ela realizou um protesto exibindo uma faixa com a mensagem “Liberdade às Mulheres Afegãs”. Nascida em Cabul, Yara fugiu do Afeganistão após o Talibã tomar o poder.
A desclassificação da atleta foi justificada pela violação da Regra 50 da Carta Olímpica, que proíbe manifestações políticas, religiosas ou raciais em quaisquer locais ou áreas olímpicas. Apesar de Yara ter ficado em último lugar na competição, sua eliminação foi decidida devido ao gesto político realizado antes do início do duelo.
Yara passou um ano escondida no Paquistão antes de conseguir chegar à Europa. O tom de protesto não é uma novidade para a atleta. Ela era a única garota a praticar breaking em Cabul – o que a tornou alvo de ameaças de morte.
HONTEUX. La danseuse afghane (B-girl) Manizha Talash, qui a participé pour la première fois de l’Histoire des Jeux olympiques aux épreuves de breaking (breakdance) au sein de l’équipe olympique des réfugiés, a été disqualifiée par la fédération internationale de danse sportive… pic.twitter.com/LvoGVpmiAj
— Armin Arefi (@arminarefi) August 10, 2024
O incidente ocorreu dois dias após especialistas da ONU terem enviado uma carta ao Comitê Olímpico Internacional (COI), pedindo uma ação decisiva contra a proibição do Talibã de que mulheres e meninas afegãs participem de esportes. Na carta, o grupo alega que a proibição faz parte de um sistema de discriminação e opressão de gênero, o que pode equivaler a crimes contra a humanidade.
A carta também lembrou ao COI de sua responsabilidade em cumprir compromissos com os direitos humanos, sublinhando que a participação das atletas afegãs nas Olimpíadas de Paris é crucial para contestar a privação de direitos e dignidade das mulheres e meninas no país. As informações são de Jamil Chade do UOL.