A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados realizou uma audiência pública para discutir a proposta do voto impresso.
O tema voltou à pauta após a presidente da comissão, a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC), tirar da gaveta uma proposta que estava esquecida desde maio. Coincidência ou não, o evento foi marcado no dia seguinte ao indiciamento de 37 pessoas, incluindo o presidente Jair Bolsonaro (PL), por possível envolvimento em uma trama golpista.
A tropa de choque bolsonarista levou manifestantes uniformizados e munidos de cartazes para ocupar o auditório da Câmara onde acontecia a discussão sobre o “voto apurável e conhecível por todos” – eufemismo da extrema-direita para a proposta do voto impresso.
O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), representou os tribunais no encontro, por indicação da atual presidente da Corte eleitoral, ministra Cármen Lúcia.
Foi no longínquo pleito de 1996 que o TSE iniciou a implementação do sistema eletrônico de votação e apuração. Passados 28 anos, nosso sistema se provou, uma vez mais, à altura do desafio de apurar, com exatidão e celeridade, a vontade do eleitor brasileiro.
O ministro tentou se afastar – e afastar o TSE – do debate lançado pelos parlamentares de extrema-direita.
Entre as pessoas convidadas a participar da discussão, estava o engenheiro Amilcar Brunazo Filho, autor de um site de design rudimentar que afirma que o modelo das urnas eletrônicas brasileiras, ainda de 1ª Geração, é o mais antiquado e obscuro em uso no mundo.
O desembargador aposentado Sebastião Coelho da Silva foi outro dos presentes. Ele atuou no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios e hoje defende na internet o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e a anistia para os criminosos bolsonaristas de 8 de Janeiro, e disse que a adoção do voto impresso é uma “necessidade”.
Expoentes do bolsonarismo no Congresso fizeram questão de manifestar suas opiniões sobre o tema. Carla Zambelli (PL-SP), Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), Marcos Feliciano (PL-SP), Sargento Fahur (PSD-PR) e Sargento Gonçalves (PL-RN) foram alguns dos deputados que abriram os microfones para defender pautas caras à extrema-direita em meio a apelos para que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) paute o projeto.
Continuamos em luta incansável para ver se a gente consegue votar isso aqui ainda este ano, concluiu o deputado bolsonarista José Medeiros (PL-MT), que convocou a audiência.